Após sequência de seis perdas, a pior desde janeiro de 2020, o Ibovespa atingiu a marca dos 119 mil pontos nas máximas do dia, até quase o fechamento desta quinta-feira, com a retomada do apetite por risco no exterior, o que se refletiu em queda do dólar ante referências como euro, iene e libra, sem alcançar o real, que foi a R$ 5,46 no pico desta quinta. Ao fim, o índice da B3 mostrava alta de 2,59%, a 118.883,25 pontos, tendo oscilado entre mínima de 115.733,60 pontos e máxima de 119.355,23 pontos, com giro a R$ 38,4 bilhões.
Em relação à mínima da sessão anterior, quando foi a 114.886,51 pontos, o menor nível desde 21 de dezembro, a variação chegou a estar além dos 4 mil pontos, para cima. Assim, durante a sessão desta quinta-feira, o Ibovespa chegou a igualar e mesmo a superar seu maior ganho do ano, os 2,76% observados no fechamento do último dia 7, véspera da renovação do topo histórico, a 125 mil pontos.
Ainda no começo da tarde, o índice recuperou a marca de 118 mil pontos e veio a acentuar os ganhos acima de 2%, com a indicação, por porta-voz da Casa Branca, de que o governo dos EUA não pretende fatiar o pacote fiscal em duas partes.
Contribuiu também para firmar o sentimento positivo o déficit primário de 2020 no Brasil, abaixo do que esperava o mercado e também da última projeção feita pelo governo, com evolução favorável da receita. Pela manhã, a leitura sobre a geração de empregos no País no ano passado já contribuía para a recuperação do Ibovespa na sessão.
À tarde, o secretário do Tesouro, Bruno Funchal, disse que ante a retomada observada no mercado de trabalho, com geração líquida de postos em ano marcado pela pandemia, talvez se possa prescindir de extensão do auxílio à renda, em função do "espaço fiscal limitado" de que dispõe o governo no momento. O sinal de contenção, ainda que restrito à área técnica, aparece em momento no qual a prorrogação de medidas emergenciais volta a ganhar força, às vésperas da definição das próximas presidências da Câmara e do Senado, na segunda-feira, 1º de fevereiro.
Assim, o dia foi de ganhos fortes e bem distribuídos pelos setores cíclicos, de maior peso na B3, como bancos (Itaú PN +4,11%, Santander +3,99%), commodities (Petrobras ON +2,22%, Vale ON +2,13%) e siderurgia (Usiminas +5,70%, CSN +3,24%). Com o desempenho positivo desta quinta-feira, o Ibovespa passa a acumular ganhos na semana, de 1,28%, perto agora de zerar as perdas no mês e no ano (-0,11%).
"Entre 114 mil e 117 mil pontos, o Ibovespa estava em área de suporte, e deve passar a buscar os 120 mil. A tendência ainda é de alta com a liquidez global que se tem disponível, reforçada por Janet Yellen, conhecida pelo viés "dovish", agora no Tesouro", diz Marcio Gomes, analista da Necton Investimentos, destacando a recuperação dos bancos na sessão, especialmente de Banco do Brasil (ON +2,83%), que havia acumulado perda de dois dígitos desde os rumores sobre intervenção política no comando da instituição.
Para Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, o Ibovespa suportou bem, ontem, o teste de "importante suporte marcado na faixa de 115 mil pontos", que contribuiu para segurar o setor financeiro e dar alívio ao índice. "Depois de seis quedas consecutivas, o mercado encontrou nesta quinta maior pressão de compra justamente sobre o principal suporte de curtíssimo prazo, determinado pela faixa de 115 mil pontos", acrescenta o analista. "O mesmo pode ser visto entre as principais blue chips que, assim como o índice, retornaram para pontos importantes de suporte."
Nesta quinta-feira, na ponta do Ibovespa, destaque para a alta de IRB (+17,82%), em movimento semelhante, segundo analistas, ao "short squeeze" que inflou os preços da varejista de jogos GameStop nos EUA, entre segunda e quarta-feira. Logo após IRB, destaque também para BTG (+8,80%), Via Varejo (+7,90%) e Iguatemi (+7,00%). No lado oposto, Bradespar cedeu 2,55%, à frente de Cielo (-0,72%), WEG (-0,32%) e Klabin (-0,28%), os quatro únicos a apresentar perdas na sessão, dentre os componentes do índice.