Tropas da Ucrânia estão perto de retomar a estratégica cidade de Kherson, no sul do país, em meio a um rápido avanço militar contra as forças russas, que batem em retirada em ao menos três das quatro províncias anexadas pelo presidente Vladimir Putin na sexta-feira, 30.
Ocupada pelos russos no início da guerra, Kherson é um importante ponto de ligação entre a Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e o Rio Dnieper, que liga o Mar Negro a Kiev.
Os ucranianos também contra-atacam no leste do país, onde, após retomarem a localidades de Liman, avançam nas províncias de Donetsk e Luhansk.
Ao mesmo tempo, em Moscou, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, postou vídeos no Telegram com o treinamento de recrutas, que incluiu instruções sobre como lidar com área contaminada por armas nucleares, apesar de analistas apontarem poucos movimentos indicando que Vladimir Putin usará armas atômicas.
A contraofensiva ucraniana, que era mais lenta no sul em comparação com o ataque-relâmpago na região nordeste de Kharkiv em setembro, de repente ganhou velocidade, com unidades russas recuando nos últimos dias de uma grande faixa de território ao longo da margem oeste do Rio Dnieper. A Ucrânia tem se esforçado para recuperar o máximo possível de seu território antes que a Rússia envie centenas de milhares de reforços para o campo de batalha. Shoigu, disse ontem que Moscou já havia convocado mais de 200 mil soldados dos 300 mil planejados.
<b>Avanço</b>
As forças ucranianas avançaram dezenas de quilômetros na região sul de Kherson, libertando cidades e vilarejos e recriando cenas de meados de setembro, quando invadiram Kharkiv. Recuperar o controle de Kherson, uma rica região agrícola cuja capital é um importante porto onde o Dnieper deságua no Mar Negro, é fundamental para a Ucrânia.
A capital foi a primeira cidade significativa capturada pela Rússia no final de fevereiro, e sua perda seria estrategicamente incapacitante para os militares e politicamente humilhante para Putin. Kherson, a única posição que os russos ocupam a oeste do Dnieper, é um potencial trampolim para a Rússia lançar qualquer futura ofensiva na costa do Mar Negro em direção à histórica cidade portuária de Odessa.
Na segunda-feira, 3, o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia reconheceu que "unidades de tanques superiores" da Ucrânia "encravaram-se em nossa linha de defesa" perto das aldeias de Zolota Balka e Oleksandrivka na região de Kherson.
Durante a noite, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse que a 129.ª Brigada da Ucrânia de sua cidade natal de Krivi Rih havia libertado as localidades de Arkhanhelske e Miroliubivka.
Além disso, as forças ucranianas agora se encontram na entrada da região leste de Donbas e podem ter sua melhor oportunidade de desalojar as tropas russas que expandiram seu controle sobre a área após combates brutais nos últimos meses.
No fim de semana, a Ucrânia recuperou a cidade de Liman, um centro ferroviário estratégico no norte de Donetsk, que com Luhansk compõe o Donbas, e continuou a avançar para o leste rumo a Lisichansk – no norte de Luhansk.
<b>Abastecimento</b>
Analistas apontam o sucesso da Ucrânia em cortar as rotas de abastecimento russas como a chave para seu impulso. A Rússia foi expulsa de Kharkiv no mês passado, perdeu o controle de seu centro ferroviário na cidade de Izium, tornando muito mais difícil para Moscou reabastecer suas forças mais ao sul no Donbas e deixando-as vulneráveis.
O colapso da posição russa em Liman foi notável porque ocorreu no momento em que Putin afirmava que a cidade e toda a região de Donetsk, juntamente com Luhansk, Kherson e Zaporizhzia, foram anexadas pela Rússia como parte de suas terras históricas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS).
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>