Juros recuam com melhora na percepção fiscal e apetite ao risco no exterior

Os juros futuros fecharam a quinta-feira em queda. Além da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) ainda produzir impacto nas taxas, a perspectiva de vitória do Congresso para a eleição no Legislativo, o leilão de prefixados e o bom humor nos mercados internacionais formaram o conjunto de fatores que sustentou o alívio nos prêmios de risco.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a etapa regular em 3,36% e a estendida em 3,335%, de 3,457% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 5,077% para 4,925% (regular) e 4,905% (estendida), menor nível desde o dia 11 de janeiro (4,89%). O DI para janeiro de 2025 terminou em 6,46% e 6,42% (regular e estendida), de 6,56% na quarta. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 7,14% (regular)e 7,09% (estendida), de 7,224%.

O diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga, afirma não ter havido nesta quinta nada específico atuando sobre o mercado, mas observa que, após os ruídos em torno do auxilio emergencial e da saída de Wilson Ferreira Jr. do comando da Eletrobras, entre o fim da semana passada e o começo desta, é a primeira vez que o cenário externo permite aos investidores a precificarem melhor o noticiário doméstico positivo nos últimos dias. "Desde terça, tivemos a ata do Copom mais dura que o comunicado, Guedes falando, Bolsonaro defendendo o teto de gastos. Com o externo melhor, hoje o mercado consegue colocar os fatos locais da semana nos preços", disse.

O apetite ao risco no exterior se traduziu em forte alta nas bolsas americanas e avanço firme dos juros dos Treasuries, o que também pode ter contribuído para um leilão bem sucedido do Tesouro. Assim que foram as divulgadas as condições da operação, houve alívio com o lote bem menor de NTN-F, de 1,5 milhão, ante 5,5 milhões na semana passada, o que normalmente retira risco do mercado. A oferta foi vendida integralmente. No caso das LTN, a oferta subiu de 14 milhões para 17 milhões, mas foram colocadas cerca de 15 milhões.

O mercado monitora ainda a eleição para as casas legislativas, confiante no êxito dos candidatos apoiados pelo governo – Arthur Lira (PP-AL) no caso da Câmara e Rodrigo Pacheco (MDB-MG) no Senado. As acusações de ingerência do presidente Bolsonaro na disputa e o perfil menos ortodoxo, do ponto de vista fiscal, dos parlamentares do Centrão, não abalam o otimismo do mercado, que, pragmático, acredita que a vitória de ambos eleva as chances de avanço da pauta reformista no Congresso.

"O mercado já dá como definida a eleição na Câmara e Senado e espera agora para ver o tamanho da vitória, para avaliar o nível de apoio que o governo terá", disse Braga.

Posso ajudar?