Estadão

Dirigente do Fed diz querer evitar aperto excessivo que prejudicaria economia

A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de São Francisco, Mary Daly, afirmou nesta sexta-feira, 21, que deseja evitar um aperto "excessivo" na política monetária, que prejudique a economia desnecessariamente. Ao mesmo tempo, ela enfatizou que o ciclo de alta de juros ainda não terminou e disse que indicadores recentes "não têm cooperado", durante evento da Universidade Berkeley.

Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Mary Daly disse que o crescimento econômico dos EUA deve ficar "abaixo da tendência" em 2023.

Ao avaliar o quadro atual, ela disse que o mercado imobiliário desacelerou "de modo considerável". Já o mercado de trabalho "ainda está robusto, mas definitivamente desacelera".

Mary Daly disse que mais aperto é necessário e também advertiu contra recuar muito cedo no aperto, a fim de garantir que a meta de inflação seja atingida.

A presidente do Federal Reserve de São Francisco afirmou que pode haver mais altas de 75 pontos-base nos juros nos Estados Unidos, no ciclo atual de aperto, mas também disse que deve haver uma redução nesse ritmo adiante, para elevações de 50 ou 25 pontos-base. Ela considerou que agora é o momento de o Fed "começar a discutir" a redução no ritmo das altas de juros.

Segundo ela, as pessoas não devem pensar que os juros do Fed serão elevados sempre em 75 pontos-base, como ocorreu em reuniões recentes. Mary considerou que os juros em 4,5% a 5% "parece nível razoável" para se chegar ao fim deste ciclo, mas enfatizou que será preciso responder aos indicadores da economia, sem se comprometer com um nível a priori. Ao fim do ciclo de altas, "ficaremos lá por um tempo", sem cortar os juros cedo para garantir que a inflação seja controlada, notou.

Daly também citou incertezas no quadro internacional. Ela lembrou que uma guerra mais prolongada na Ucrânia traz impacto negativo para o crescimento nos EUA, e mencionou igualmente problemas nas cadeias de produção causados pela política de covid zero na China.

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