Depois de ter prometido nesta quinta, 20, durante entrevista a um podcast, o aumento real do salário mínimo no ano que vem, o presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou um vídeo nesta sexta-feira, 21, para reforçar a proposta. A campanha do candidato à reeleição teme o impacto na opinião pública da polêmica sobre uma possível desindexação do mínimo e dos benefícios previdenciários. Como mostrou nesta sexta, 21, o <b>Broadcast Político</b>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, aliados de Bolsonaro têm colocado o desgaste na conta do ministro da Economia, Paulo Guedes.
"Consertamos a economia do Brasil, estamos arrecadando muito. Assim sendo, a partir do ano que vem, a nossa garantia de darmos a todos os aposentados e pensionistas um reajuste acima da inflação. A mesma coisa no tocante aos servidores públicos: conceder no ano que vem um reajuste acima da inflação. E o valor do salário mínimo como fica? Também será dado um reajuste acima da inflação", diz Bolsonaro, no vídeo que está sendo compartilhado por seus apoiadores.
"Todos vocês, não acreditem nessas mentiras da esquerda, que nunca nada fizeram por ninguém e querem apenas nos caluniar, mentir sobre essas questões", emendou Bolsonaro, ao exaltar o valor de R$ 600 do Auxílio Brasil e as contas públicas "ajustadas", sem citar as flexibilizações do teto de gastos – a regra que limita o crescimento das despesas do governo à inflação do ano anterior – durante o seu mandato.
Bolsonaro foi orientado pela campanha a entrar em campo para "reduzir danos". Na entrevista ao podcast Inteligência Ltda, nesta quinta, 20, disse que Guedes havia anunciado o aumento real do salário mínimo, ou seja, acima da inflação. O ministro, contudo, garantiu apenas o reajuste "pelo menos" com base no índice de preços. "O Paulo Guedes fala muito em desindexação da economia, daí no bolo o que ele quer desindexar? O porcentual fica indefinido", disse também Bolsonaro.
A fala de Guedes foi recebida com preocupação no QG de reeleição "porque toca em um público sensível, que tem sido conquistado aos poucos", disse um ministro do governo. Como mostrou o <b>Broadcast Político</b> nesta sexta, existe internamente uma avaliação de que "finalmente, as medidas de cunho social adotadas desde o meio do ano estão surtindo efeito junto à população de baixa renda", de acordo com outro integrante do QG bolsonarista, que já havia destacado este entendimento ao longo da semana.
Esta mesma pessoa ressaltou que "nada pode sair do script neste momento, em especial junto a um eleitorado que é majoritariamente favorável a Lula". Por isso, frisou a fonte, Bolsonaro partiu para desmentir seu ministro. A intenção, relataram três aliados à reportagem, é "acalmar as pessoas".
O governo vem intensificando lançamentos de medidas de cunho econômico desde o meio do ano, mas especialmente entre o primeiro turno e o segundo. Um calendário ao qual a reportagem teve acesso mostra que, desde 3 de outubro, ocorreram ao menos 12 anúncios de concessão de benefícios. A empreitada vem por ordens do próprio presidente, que mandou Guedes tirar da cartola ao menos uma medida a cada dois dias até o fim da corrida eleitoral, como o <b>Broadcast Político</b> informou no início desta semana.
O Datafolha desta quinta, 20, mostrou, em números, o efeito positivo das ações e a importância de manter a "vigilância", nas palavras de um bolsonarista, sobre a população de baixa renda. Bolsonaro saltou de 33% para 40% entre os beneficiários do Auxílio Brasil, na comparação com o levantamento anterior, de 14 de outubro, enquanto Lula encolheu de 62% para 56%.