Estadão

Dólar sobe com exterior e disputa política se mantém no foco

O dólar sobe acompanhando alta externa, após quedas acumuladas na semana passada, em outubro e no ano. Os retornos dos Treasuries e os preços do petróleo recuam. Para a reunião do Copom, que começa amanhã e termina quarta-feira, as expectativas são de que a Selic deve se manter inalterada, em 13,75%.

Na reta final do segundo turno, os investidores repercutem a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson, aliado do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, neste domingo, após Jefferson atacar com tiros e granada e ferir dois policiais antes de se entregar à Polícia Federal. A campanha de Bolsonaro se mobilizou ontem para desvincular Bolsonaro do ex-deputado, temendo abalos à campanha do atual presidente que tenta a reeleição.

O mercado também digere o Boletim Focus do Banco Central (BC). A projeção de IPCA para 2022 cedeu de 5,62% para 5,60%, a 17ª redução seguida. Há um mês, a mediana era de 5,88%. A previsão para 2023 passou de 4,97% para 4,94%, enquanto, para 2024, a estimativa acelerou de 3,43% para 3,50%.

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, elevou mais uma vez hoje a projeção para a inflação medida pelo índice em outubro, de 0,40% para ao redor de 0,50%, "por uma aceleração maior de combustíveis e Alimentação". A revisão foi anunciada após a divulgação do resultado do indicador na terceira quadrissemana do mês, quando o IPC-S acelerou de 0,42% na segunda quadrissemana para 0,62%.

Na política, os ministros de Cortes superiores acreditam que a reação de Roberto Jefferson (PTB) ao mandado de prisão do Supremo Tribunal Federal vai gerar efeito rebote para as investidas do bolsonarismo contra o tribunal e contra o TSE. A avaliação é de que a ação do petebista deve manter a coesão dos tribunais sobre o assunto e tende a minimizar críticas feitas ao ministro Alexandre de Moraes, ao menos entre a parcela mais moderada da sociedade. Há nas Cortes quem acredite ainda que os disparos do ex-deputado contra agentes incumbidos de prendê-lo pode bloquear o eventual apoio político de integrantes das forças de segurança, como Polícia Federal e Polícia Militar, ao bolsonarismo.

No exterior, um apetite por ativos de risco apoia as bolsas nesta manhã, após ficarem voláteis e sem direção única durante a madrugada, mas o dólar sobe ante pares principais e várias divisas emergentes e ligadas a commodities.

O petróleo recua em meio a perspectivas de demanda fraca na China em meio a dados fracos de varejo, setor imobiliário e decepção com importações, apesar da alta do Produto Interno Bruto (PIB) chinês no terceiro trimestre acima do esperado por analistas.

Além disso, os futuros das bolsas de Nova York indicam possível extensão do rali em Wall Street com especulações ainda de o Federal Reserve (Fed) ser menos agressivo na reunião de política monetária de dezembro. A semana traz ainda divulgação da primeira leitura do PIB dos Estados Unidos do terceiro trimestre, balanços das big techs americanas e de decisões monetárias na Europa e Japão.

Às 9h42, o dólar à vista subia 1,74%, a R$ 5,2381. O dólar para novembro ganhava 1,48%, a R$ 5,2460.

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