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Mercado projeta novas altas para o aluguel na Faria Lima

A corrida por espaços para escritórios na avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, tende a ficar ainda mais acirrada com a volta de muitas empresas ao trabalho 100% presencial ou mesmo no modelo híbrido. Como consequência, segundo os especialistas, o preço do aluguel na região não deve parar de subir tão cedo.

Segundo Yara Matsuyama, diretora da consultoria do setor imobiliário JLL, a equação de forte procura com escassez de novos espaços explica a expectativa. "Dá para se esperar que a taxa de vacância (que mede o volume de áreas ainda livres) diminua mais", afirma a especialista.

A Faria Lima é conhecida por sediar várias companhias do setor financeiro, mas a "cara" da região não se resume a isso: o setor de tecnologia também é grande locatário.

O Google, por exemplo, que já possui escritório na Faria Lima, alugou recentemente um novo espaço de 2,3 mil metros quadrados em um edifício na Vila Olímpia – região "grudada" à avenida.

A XP, que chegou a devolver espaços no início da pandemia, retomou os escritórios. Atualmente, o maior locatário na avenida é o Itaú BBA, braço de investimento do Itaú Unibanco.

Isso tudo se soma ao fato de que não há novos empreendimentos na Faria Lima para o curto prazo. O último grande edifício que subiu na região foi o Birmann 32, que se destaca na paisagem dos edifícios vizinhos por uma escultura espelhada de uma baleia. Seus espaços foram rapidamente ocupados, muitos alugados antes mesmo de seu lançamento oficial.

Yara afirma que, diante de preços mais altos na região, algumas empresas podem começar a repensar a localização de seus escritórios. Isso, segundo ela, tende a gerar demanda para regiões próximas.

Além do bairro vizinho de Vila Olímpia, outra área que nos últimos meses vem ascendendo na capital paulista é a da Avenida Rebouças. "Saem as lojas de vestidos de noivas, entram os escritórios", diz.

<b>EFEITO INFLAÇÃO</b>

A especialista da JLL explica que, com a demanda sem dar trégua, os proprietários dos imóveis têm sido pouco flexíveis na hora de renegociar os contratos já vigentes. Isso significa que a repactuação de valores tem seguido a variação cheia do IGP-M, indicador que sofre influência de preços de commodities ligadas ao setor industrial. Em 2021, a variação do IGP-M bateu em quase 18%, ante 10% do IPCA (considerado o índice oficial de inflação no País).

O presidente da consultoria Buildings, Fernando Didziakas, diz que o perfil das empresas que estão na Faria Lima ajuda a manter a alta procura, já que elas "fazem questão de estar na região".

Segundo o presidente da consultoria, na região, ao contrário de outros locais, houve pouca devolução de espaços, mesmo no pior momento da pandemia, algo que ajuda a explicar os preços altos da locação. O valor do aluguel por metro quadrado, segundo o executivo, só é replicado em outro polo do setor financeiro no País: o bairro do Leblon, no Rio.

"Se o Brasil crescer, como se projeta, teremos um efeito de reposição e ajuste de preços em outras regiões além da Faria Lima", afirma o executivo da Buildings. O porcentual-chave para o início de reajustes de preços é quando a taxa de desocupação dos espaços alcança 10%, explica ele.

<b> VER E SER VISTA </b>

A Alianza Capital, gestora de fundos imobiliários, cresceu na pandemia e seu número de funcionários saiu de 18 para 28. Com isso, foi necessário um novo escritório. Segundo Ricardo Madeira, sócio da gestora, surgiu a oportunidade de um espaço de 350 metros quadrados na Rua Tabapuã, no miolo do Itaim. "É importante que a gente esteja ali (na região da Faria Lima)", comenta. Isso é explicado, segundo ele, pela própria natureza do negócio – em que circular, ver e ser visto são importantes.
Madeira afirma que, por outro lado, há empresas que não têm "obrigação" de estar na Faria Lima e que, com preços mais altos e escassez de espaços, começam a olhar para outras regiões da cidade para montar seus escritórios.

Essa é, inclusive, a tese de investimento da gestora Alianza, que tem em seu portfólio edifícios corporativos em outras regiões da capital paulista, como Chácara Santo Antônio. Segundo Madeira, por conta da falta de espaços e preços altos na Faria Lima, outras regiões da cidade já observam maior procura. "A partir do momento em que a empresa não consegue se alocar na Faria Lima, ela vai ter de buscar uma região secundária", diz. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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