Erasmo Carlos, um dos principais nomes da Jovem Guarda no Brasil, morreu nesta terça, 22, aos 81 anos, no Rio. Até a publicação deste texto, as informações sobre a causa da morte e também sobre velório e sepultamento do cantor não haviam sido divulgadas.
Em agosto de 2021, o cantor e compositor ficou oito dias internado, após contrair covid. Em outubro deste ano, foi internado no Hospital Barra DOr, na Barra da Tijuca, no Rio, com quadro de síndrome edemigênica e teve alta no início de novembro, segundo informou sua assessoria de imprensa. No entanto, segundo uma fonte que preferiu não se identificar, voltou a ser hospitalizado logo depois. Nesta segunda, 21, foi intubado.
Seu trabalho mais recente foi o álbum O Futuro Pertence à… Jovem Guarda. Lançado em fevereiro, traz oito releituras de sucessos da época da Jovem Guarda que ficaram marcados na voz de outros cantores. Na última edição do Grammy Latino, dia 17, ele ganhou na categoria melhor disco de rock de língua portuguesa ou álbum alternativo.
Seus primeiros passos na música se deram ainda na década de 1950, quando formou o quarteto The Snakes ao lado de Arlênio Lívio, José Roberto China e Edson Trindade. Os três eram ex-integrantes do grupo The Sputniks, no qual haviam tocado junto com Tim Maia e Roberto Carlos.
Fosse na época da Jovem Guarda ou nas décadas seguintes, Erasmo participou da composição de muitos dos sucessos que se popularizaram na voz de Roberto Carlos. Entre eles, Calhambeque, Eu Sou Terrível, Detalhes, O Divã, Além do Horizonte e Cama e Mesa. Em 1974, a dupla criou uma melodia para uma canção religiosa, mas não conseguiu concluir a música, que acabou engavetada.
<b>Amigo</b>
Três anos depois, Roberto, emocionado com a ida de Erasmo a sua festa de aniversário-surpresa, escreveu a letra de Amigo durante viagem a Los Angeles. "Você meu amigo de fé, meu irmão camarada/Amigo de tantos caminhos e tantas jornadas/Cabeça de homem, mas o coração de menino/Aquele que está do meu lado em qualquer caminhada", diz a letra, feita em homenagem a Erasmo.
Sobre ter de lidar com o fato de seu colega, Roberto, ser chamado de "Rei" ao longo dos anos, Erasmo dizia que não se incomodava. "Eu sou um compositor. O que sempre sonhei, a partir do momento que gostei de música, foi ser compositor, um criador. Jamais me passa pela cabeça o negócio de ser cantor, sabe? Eu canto por circunstância."
<b>Vida pessoal</b>
Erasmo se casou com Sandra Sayonara Saião, a Narinha, na década de 1970. Os dois ficaram casados até 1990. Aos 49 anos, no fim de 1995, Narinha morreu. Laudos posteriores do IML revelaram que ela ingeriu veneno (cianeto de potássio).
Foi com Narinha que Erasmo teve seus três filhos: Leo Esteves, Gil Eduardo e Carlos Alexandre Esteves, o Gugu, que morreu dias após um grave acidente de moto, em maio de 2014.
Na ocasião, durante o período em que o filho passou oito dias em coma induzido, Erasmo seguiu se apresentando e relatou ao <b>Estadão</b>: "O show não pode parar, bicho. Eu e meus filhos trabalhamos com música e temos um pacto: o que acontece com um não pode impedir os outros de seguir em frente. Entendo que outras pessoas parem suas vidas para chorar, mas isso não resolve. Você pode mandar pensamentos positivos a todo instante, de qualquer lugar."
Erasmo Carlos se casou novamente em 2019, com Fernanda Passos, após sete anos de relacionamento. Em entrevistas, o artista ressaltou que não se incomodava com a grande diferença de idade entre eles, de 49 anos.
Em junho de 2021, Erasmo Carlos deu uma série de entrevistas por ocasião de seu aniversário de 80 anos. Ao <b>Estadão</b>, contou: "Com 80, podia estar jogando cartas com os aposentados na praia. Não. Estou aqui, trabalhando. Gosto do que faço. Quis a vida que eu fosse um compositor, que eu aprendesse alguns acordes que me permitissem fazer minhas músicas. O resto é minha imaginação que faz".