A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), que representa cerca de 290 companhias aéreas, o equivalente a 83% do tráfego aéreo global, divulgou dados para os mercados globais de carga aérea de outubro de 2022, mostrando que os "ventos contrários" continuam a afetar a demanda de carga aérea. A demanda global, medida em toneladas-quilômetro de carga (CTKs), caiu 13,6% em relação a outubro de 2021 (-13,5% nas operações internacionais).
A capacidade ficou 0,6% abaixo de outubro de 2021. Esta foi a primeira contração ano a ano desde abril de 2022. No entanto, a capacidade mês a mês aumentou 2,4% em preparação para a alta temporada de final de ano. A capacidade de carga internacional cresceu 2,4% em relação a outubro de 2021.
Segundo a Iata, vários fatores no ambiente operacional devem ser observados. Em primeiro lugar, os novos pedidos de exportação, um dos principais indicadores da demanda de carga, estão diminuindo em todos os mercados, exceto na China e na Coreia do Sul, que registraram novos pedidos de exportação ligeiramente mais altos em outubro.
Em segundo, os últimos números do comércio global de bens mostraram uma expansão de 5,6% em setembro, um sinal positivo para a economia global. Espera-se que isso beneficie principalmente a carga marítima, com um ligeiro aumento também na carga aérea.
Além disso, o dólar americano sofreu uma forte valorização, com a ampla taxa de câmbio real efetiva em setembro de 2022 atingindo o nível mais alto desde 1986. Um dólar forte afeta a carga aérea. Como muitos custos são denominados em dólares, a valorização da moeda adiciona outra camada de custo além da alta inflação e dos altos preços do combustível de aviação.
E, por fim, o Índice de Preços ao Consumidor aumentou ligeiramente nos países do G7 em outubro e permanece no nível mais alto de décadas de 7,8%. A inflação de preços ao produtor (insumos) recuou 0,5 ponto porcentual, para 13,3% em setembro.
"A carga aérea continua a demonstrar resiliência à medida que os ventos contrários persistem. A demanda de carga em outubro – embora tenha ficado abaixo do desempenho excepcional de outubro de 2021 – registrou um aumento de 3,5% na demanda em relação a setembro. Isso indica que o final do ano ainda trará um impulso tradicional de alta temporada, apesar das incertezas econômicas. Mas, à medida que 2022 termina, parece que as atuais incertezas econômicas seguirão para o ano novo e precisam de monitoramento contínuo", disse Willie Walsh, diretor-geral da Iata.
<b>Desempenho por região</b>
Avaliando o desempenho de cada região em outubro, as companhias aéreas da Ásia-Pacífico viram seus volumes de carga aérea diminuírem 14,7% em outubro de 2022 em comparação com o mesmo mês de 2021, o que representa uma queda de 10,7% no desempenho em relação a setembro. As companhias aéreas da região continuam a ser afetadas pela guerra na Ucrânia e pelos níveis mais baixos de comércio e atividade industrial devido às restrições relacionadas à Omicron na China. A capacidade disponível na região diminuiu 2,8% em relação a 2021.
As transportadoras norte-americanas registraram uma queda de 8,6% nos volumes de carga em outubro de 2022 em comparação com o mesmo mês de 2021. Foi uma queda de 6% no desempenho em relação a setembro. A capacidade aumentou 2,4% em relação a outubro de 2021.
As transportadoras europeias tiveram uma queda de 18,8% nos volumes de carga em outubro de 2022 em comparação com o mesmo mês de 2021. Este foi o pior desempenho de todas as regiões e uma queda de 15,6% em relação a setembro. Isso se deve à guerra na Ucrânia. Os altos níveis de inflação também afetaram os volumes. A capacidade diminuiu 5,2% em outubro de 2022 em comparação com outubro de 2021.
As transportadoras do Oriente Médio tiveram uma queda de 15% em relação ao ano anterior nos volumes de carga em outubro de 2022. Esta foi uma melhora marginal em relação ao mês anterior (-15,8%). Volumes de carga estagnados de/para a Europa impactaram o desempenho da região. A capacidade aumentou 1% em relação a outubro de 2021.
Já as transportadoras latino-americanas relataram uma queda na demanda de 1,4% nos volumes de carga em outubro de 2022 em comparação com outubro de 2021. Esse foi o desempenho mais forte de todas as regiões, porém ainda houve uma queda significativa no desempenho em relação a setembro (10,8%). Esta foi a primeira queda nos volumes desde março de 2021. A capacidade em outubro aumentou 19,2% em relação ao mesmo mês de 2021.
As companhias aéreas africanas viram o volume de carga diminuir 8,3% em outubro de 2022 em comparação com outubro de 2021. Esta foi uma queda significativa em relação ao crescimento registrado no mês anterior (0,1%). A capacidade ficou 7,4% abaixo dos níveis de outubro de 2021.