Um estudo brasileiro coordenado pelos principais hospitais privados do País mostra que o corticoide dexametasona foi capaz de reduzir o tempo de entubação de pacientes com quadros graves de covid, o que diminui o risco de complicações associadas à ventilação mecânica, como infecções e lesões causadas pelo tubo, e pode acelerar a recuperação do paciente.
Participaram do ensaio clínico 299 pacientes de 40 hospitais públicos e privados do País, sob a coordenação de oito instituições: hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein, HCor, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e Beneficência Portuguesa de São Paulo, além do Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e da Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).
Esses grupos fazem parte da aliança Coalizão Covid-19 Brasil, responsável pela realização de nove estudos clínicos de possíveis tratamentos para a doença. Essa é a segunda pesquisa do grupo que tem seus resultados divulgados. A primeira, de julho, mostrou que a hidroxicloroquina, associada ou não ao antibiótico azitromicina, não tem eficácia no tratamento de pacientes com quadros leves e moderados de covid-19.
Os participantes foram divididos, por sorteio, em dois grupos: um deles, com 151 pacientes, foi tratado com dexametasona intravenosa por dez dias, e o outro, com 148 doentes, recebeu o suporte padrão. Para ser incluído no estudo o paciente tinha de estar entubado e com baixa oxigenação sanguínea.
De acordo com os pesquisadores, o estudo brasileiro não foi desenhado para medir o impacto na queda de mortalidade pois precisaria de uma amostra maior e demoraria mais tempo. Eles ressaltam, no entanto, que, além da redução no tempo de entubação, outros resultados confirmam o benefício da medicação.
"Os números de mortes e disfunção orgânica foram menores no grupo que tomou a medicação", explica Luciano Azevedo, do sírio-libanês.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>