Estadão

Ataque a tiros em Paris deixa três mortos e causa pânico nas vésperas do Natal

Um ataque a tiros contra um centro cultural curdo em um bairro movimentado de Paris, capital da França, deixou ao menos três pessoas mortas e outras três feridas nesta sexta-feira, 23, disseram autoridades. Um suspeito de 69 anos foi ferido e preso.

A Promotoria de Paris abriu uma investigação por assassinato e tentativa de homicídio. Segundo a Promotoria, o suspeito tinha antecedentes policiais, incluindo uma prisão por atacar imigrantes que viviam em tendas. Os investigadores estão considerando um possível motivo racista para o ataque.

O tiroteio ocorreu ao meio-dia (pelo horário local) em um centro cultural curdo e em um restaurante e cabeleireiro próximos, segundo a prefeita do 10º distrito, Alexandra Cordebard. Falando a repórteres no local, ela disse que a real motivação para o tiroteio ainda não está clara.

Enquanto ela falava, uma multidão próxima gritava “Erdogan, terrorista” – referindo-se ao presidente turco Recep Tayyip Erdogan – e “Estado turco, assassino”.

A polícia isolou a área no 10º distrito da capital francesa, em uma rua movimentada com lojas e restaurantes perto da estação de trem Gare de l Est. O ataque ocorreu em um momento em que Paris está fervilhando de atividade antes do fim de semana de Natal. O departamento de polícia de Paris alertou as pessoas para ficarem longe da área.

A promotora de Paris, Laure Beccuau, disse que três pessoas atingidas pelo tiroteio morreram, uma está em estado crítico e outras duas estão hospitalizadas com ferimentos menos graves. O agressor também foi ferido no rosto, disse ela. Segundo Laure Beccuau, os promotores antiterrorismo estão em contato com os investigadores, mas não indicaram nenhum sinal de motivação terrorista.

Em viagem pelo norte do país, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, comentou no Twitter que estava voltando a Paris “após o dramático tiroteio ocorrido esta manhã”. “Todos os meus pensamentos estão com os entes queridos das vítimas”, expressou.

No local do tiroteio, a comoção era grande. Membros do centro cultural Ahmed Kaya choravam, abraçando-se para se consolar, observou um jornalista da <i>AFP</i>. Alguns, dirigindo-se à polícia, gritavam “está recomeçando, vocês não estão nos protegendo, estão nos matando”.

<b>Pânico total</b>

“Sete a oito tiros na rua, foi pânico total, nos trancamos dentro da loja”, relatou um lojista de um prédio vizinho que preferiu permanecer anônimo. “Vimos um senhor branco entrar e atirar no centro cultural curdo, depois ele foi ao salão de cabeleireiro ao lado. Nos refugiamos no restaurante com os funcionários”, testemunhou Romain, vice-diretor do restaurante Pouliche Paris, localizado na mesma rua, contatado por telefone.

O Centro Ahmet Kaya, nomeado em homenagem ao cantor homônimo, é uma associação cujo objetivo é promover a integração gradual da população curda residente em Ile-de-France.

Em 2013, três mulheres ativistas curdas, incluindo Sakine Cansiz – fundadora do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, ou PKK – foram encontradas mortas a tiros em um centro curdo em Paris. Um cidadão turco foi acusado de seu assassinato, embora a suspeita também recaísse sobre o serviço de inteligência turco.

O exército da Turquia tem lutado contra militantes curdos afiliados ao banido PKK, tanto no sudeste da Turquia quanto no norte do Iraque. Os militares da Turquia também lançaram recentemente uma série de ataques aéreos e com artilharia contra alvos militantes curdos sírios no norte da Síria. O PKK é considerado uma organização terrorista na Turquia, na Europa e nos Estados Unidos e lidera uma insurgência armada contra o Estado turco desde 1984.

A França foi atingida por uma série de ataques letais de extremistas islâmicos em 2015 e 2016 e permanece em alerta para a violência relacionada ao terrorismo. (Com agências internacionais).

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