A reabertura de alguns segmentos do comércio desde o último dia 10, após o isolamento social de quase 100 dias na capital paulista, adotado para conter a propagação do novo coronavírus, já reflete positivamente nas vendas do setor. De acordo com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), há sinais de leve crescimento nas vendas, porém ainda longe de recuperar as perdas passadas e as expectativas.
As vendas varejistas à vista em São Paulo subiram 47,3% em junho em relação a maio, enquanto as a prazo cresceram 23%, conforme balanço da ACSP. Com isso, a taxa média das vendas gerais teve alta de 35,2%. O resultado já era esperado, diz Marcel Solimeo, economista da ACSP. Diferentemente da primeira quinzena, quando o comércio teve apenas cinco dias de flexibilização, os últimos quinze dias de junho foram totalmente beneficiados pela reabertura de lojas, explica.
"Mostram que embora a comparação anual indique tombos históricos, o confronto mês a mês traz uma perspectiva de retomada", cita a nota.
Na comparação interanual, a queda média no movimento do comércio paulistano foi de 54,9% frente a igual mês de 2019 – pouco menor que o tombo de 67%, registrado em maio. Houve retração de 61,4% nas vendas à vista e declínio de 48,3% nas parceladas em relação a junho de 2019. Pela ordem, as variações negativas acumuladas em 2020 são de 37,7% e de 33,3%. "As vendas ainda estão longe de recuperar o volume esperado, mas já começam a sinalizar alguma melhora."
Na avaliação de Solimeo, as restrições para a abertura, especialmente a redução de horário de funcionamento, prejudica o desempenho do comércio, que tende a melhorar com a entrada de São Paulo na faixa amarela, quando haverá expansão no horário de abertura das lojas para seis horas.
Por enquanto, ficou determinado para as lojas de rua o horário entre 11 horas e 15 horas. Já os shoppings podem funcionar entre seis horas e dez horas ou das 16 horas às 20 horas.
O temor relacionado à pandemia de coronavírus trouxe cautela gerou empobrecimento geral dos consumidores em função do isolamento, e todos perderam renda, segundo Solimeo. Conforme o economista, o recuo de 54,9% ainda é bastante expressivo, indicando que "o caminho para a recuperação do comércio ainda é muito longo".