O impacto da ordem do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para que suas forças na Ucrânia observem um cessar-fogo unilateral de 36 horas ficou incerto nesta sexta-feira, 6, após autoridades ucranianas classificarem a iniciativa como uma manobra, sem esclarecer se as tropas do país também baixariam armas. Moscou também não esclareceu se retaliará caso os ucranianos mantenham os combates.
O cessar-fogo declarado pela Rússia à guerra iniciada há mais de 10 meses começou ao meio-dia desta sexta-feira, pelo horário local. Não há relatos imediatos sobre descumprimento da ordem.
O anúncio de Putin, na quinta-feira (5), de que as tropas russas suspenderiam as ofensivas foi inesperado e veio após o chefe da Igreja Ortodoxa Russa propor um cessar-fogo para o feriado ortodoxo de Natal deste fim de semana. A Igreja Ortodoxa, que usa o calendário juliano, celebra o Natal em 7 de janeiro.
Autoridades ucranianas e ocidentais, no entanto, suspeitam haver um motivo oculto por trás do aparente gesto de boa vontade de Putin.
O presidente ucraniano, Volodymir Zelenski, questionou as intenções do Kremlin, acusando Moscou de planejar a suspensão dos combates "para continuar a guerra com vigor renovado". "Agora, eles querem usar o Natal como desculpa para impedir o avanço de nossos homens na (região) de Donbass por algum tempo e, ao mesmo tempo, trazer equipamentos, munições e pessoas para áreas mais próximas de nossas posições", disse Zelenski na quinta. O presidente da Ucrânia não afirmou categoricamente, porém, que Kiev ignoraria o pedido de Putin.
O presidente dos EUA, Joe Biden, adotou o mesmo tom cauteloso de Zelenski, do dizer ser "interessante" que Putin estivesse disposto a bombardear hospitais, creches e igrejas no Natal e no Ano Novo. "Acho que (Putin) está tentando encontrar um pouco de oxigênio", disse Biden, sem dar detalhes. Fonte: Associated Press.