Uma operação do Ministério Público do Paraguai prendeu neste sábado, 22, dez suspeitos de participação na execução do jornalista brasileiro Lourenço Veras, de 52 anos, em Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil. Três acusados são brasileiros.
Léo Veras, como era conhecido, foi assassinado a tiros no dia 12 de fevereiro quando jantava com sua família. Ele era dono do site de notícias policiais Porã News e noticiava a ação de narcotraficantes na fronteira, além da suposta ligação de policiais paraguaios com o tráfico.
Na sexta-feira, 21, investigações ligaram o Primeiro Comando da Capital (PCC) ao crime. O exame de balística feito pela polícia paraguaia relacionou projéteis usados contra o brasileiro a outras sete execuções cometidas pela facção na região de fronteira.
As buscas, comandadas por dez promotores de Justiça e tropas de elite da Polícia Nacional do Paraguai prenderam seis paraguaios, entre eles uma mulher, três brasileiros e um boliviano. Foram apreendidos dois revólveres, quatro pistolas 9 mm de fabricação austríaca, uma escopeta, seis carregadores e quatro veículos, entre eles um Jeep Renegade branco, semelhante ao usado no ataque ao jornalista.
Quatro pessoas teriam participado da execução. A operação apreendeu ainda munições de vários calibres, documentos, celulares e câmeras fotográficas. As armas serão submetidas a exames de balística para comparar com os projéteis que atingiram o jornalista.
Conforme o promotor Frederico Delfino, a operação foi desencadeada em sigilo nas áreas urbanas e rurais de Pedro Juan e as buscas se estenderam a bairros de Ponta Porã, com a colaboração da polícia brasileira. "Acredito que já temos elementos para esclarecer o assassinato do jornalista, mas ainda precisamos aprofundar as investigações. Vamos saber se pertencem a essa ou aquela organização criminosa, embora seja mais importante esclarecer o crime e levar os culpados à Justiça", disse.
Os brasileiros presos foram identificados como Luis Fernando Leite Nunes, Sanção de Souza e Leonardo de Souza Conceição. Foram presos os paraguaios Arnaldo Colmán, Anderson Rios Villalba, Paulo Sespedes Oliveira, Oscar Duarte, Marcos Aurelio Vernequez Santacruz e Cintya Raquel Pereira de Leite. Também foi detido o boliviano Juan Vicente Jaime Camaro. Segundo promotor, os presos devem ser transferidos a qualquer momento para um presídio de segurança máxima na capital, Assunção, onde serão interrogados.
Os mandados de busca foram expedidos pelo juiz penal de Garantias de Assunção, Humberto Otazu. Os presos foram autuados por porte ilegal de arma e associação criminosa. Ainda conforme o promotor, alguns dos detidos já tinham passagem e pelo menos um era procurado por outros crimes. Eles devem permanecer detidos até o fim da investigação do assassinato do jornalista brasileiro.