O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, recuou em relação ao seu discurso sobre o programa de câmeras portáteis em uniformes de policiais militares do Estado, o "Olho Vivo". Na semana passada, em entrevista à Rádio Cruzeiro, de Sorocaba, ele disse que pretendia rever o programa, defendendo a autonomia policial. Já nesta terça-feira, 10, em entrevista à Rede Globo, o secretário negou o fim do programa e disse que pretende ampliá-lo com novas ferramentas de combate ao crime.
"Não iremos acabar com o programa Olho Vivo, das câmeras. Não iremos. É o meu compromisso e do governador", disse Derrite à Globo. A revisão do programa era uma das mais polêmicas promessas do governador eleito no ano passado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e foi endossada diversas vezes pelo atual secretário. Ambos defendiam que a câmera "inibe" a atuação policial, embora estudos científicos tenham mostrado que o sistema melhorou a produtividade de batalhões.
Conforme o <b>Estadão</b> mostrou, o uso do equipamento por policiais em São Paulo aumentou a efetividade da PM no combate aos agressores de mulheres, dentre outros vantagens. Estudo encomendado pelo comando da corporação à Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que, em média, o total de mortes decorrentes de intervenção policial foi reduzido em 57% em relação à média do período anterior às câmeras.
"Ela (a câmera) foi instalada com uma intenção de fiscalização e controle que é aceitável, tem sua funcionalidade. Nós queremos, além da fiscalização e controle, acoplar a câmera do policial ferramentas que vão combater o crime. Como por exemplo, leitura de placa de veículos roubados. Isso pode ser instalado na câmera", disse Derrite nesta terça.
<b>Mudança de discurso</b>
A guinada de posicionamento de Derrite acompanha a mudança na fala de Tarcísio. Na semana passada, após o secretário dizer que a pasta iria rever o programa, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania do governo de Lula chegou a publicar nota em que se disse preocupado com a declaração do secretário.
"O sucesso dessa política demonstrado pela ciência faz com que ela não apenas tenha de ser reforçada e ampliada nas regiões em que é aplicada, mas também que seja estendida a todas as unidades da federação", dizia a nota.
Pressionado a se posicionar, na quinta-feira, 5, Tarcísio recuou em relação ao seu discurso de campanha e se comprometeu a não mexer no programa.