O segundo e último dia do Festival de Verão de Salvador, que ocorreu neste domingo, 29 de janeiro, no Parque de Exposições da cidade, levou ao palco shows como Saulo e Marina Sena, Jão e Pitty, Luísa Sonza e Alcione, Ludmilla e Gloria Groove e Baiana System com Olodum. Os cantores Bell Marques e Léo Santana foram as únicas atrações do festival a não trazerem convidados – neste ano, o evento teve como proposta encontros musicais no palco.
O primeiro show do dia juntou o rapper carioca Xamã e o trio Gilsons – formado por José Gil, Francisco Gil e João Gil, respectivamente filho e netos de Gilberto Gil. Apesar do calor de 30 graus, às 16, a pista já estava bem mais lotada do que nos shows que abriram o primeiro dia.
Mérito de Xamã, um dos artistas do rap mais ouvido no momento, dono do hit Malvadão, e dos Gilsons, grupo que tem marcado presença nos festivais pelo País. Além disso, o line up desse segundo dia, repleto de nomes da música pop atual e de medalhões do carnaval baiano, atraiu um público maior do que no primeiro dia.
Xamã e Gilsons, que já tinham se apresentado juntos na Europa, celebram o encontro dizendo que o rap já faz parte da música brasileira. A afirmação foi selada com a canção Andar com Fé, de Gil, que ganhou improviso feito pelo rapper.
<b> BaianaOlodum </b>
Para além de grandes shows repleto de hits, os grupos Olodum e BaianaSystem – dois grupos de diferentes gerações, mas com a valorização da música afro pop baiana, sobretudo o samba reggae como objetivo em comum – fizeram no palco algo que deveria ser praxe em encontros no palco: criar algo novo – algo nem sempre possível em função da agenda e compromissos que os artistas têm para cumprir.
Os dois grupos, segundo a produção do evento, começaram os ensaios para o show no festival em setembro de 2022. O resultado se mostrou afinado no palco. Na abertura, a mescla de Alegria Geral, do Olodum, e Capim Guiné, do Baiana System, deixou claro ao público o que seria o encontro.
A mistura de sons do Baiana, como samba reggae, o dub – versão eletrônica do reggae – e a música popular com os tambores do Olodum mostrou que a música da Bahia nunca parou no tempo e, ao mesmo tempo, preserva sua ancestralidade, marca não apenas musical, mas de identidade cultural de seu povo.
Essa característica também está presente nas letras. Faraó, conhecida na voz de Margareth Menezes, que fala como a cultura negra resistiu nas ruas de Salvador, sobretudo no Pelourinho, que, por justiça, tomou e guarda as raízes da música e cultura africanas.
Passapusso, após cantar Sulamericano, recitou os versos contidos na canção da qual ele é dos compositores. "Nas veias abertas da América Latina / Tem fogo cruzado queimando nas esquinas / Um golpe de estado ao som da carabina, um fuzil / Se a justiça é cega, a gente pega quem fugiu". E arrematou com "ele fugiu", em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
<b>Homenagem a Gal</b>
O cantor Saulo Fernandes, um dos grandes nomes do carnaval baiano, abriu sua apresentação juntando a sua banda naipes de cordas e sopros da Orquestra Santo Antônio, da cidade de Conceição do Coité, na Bahia.
Foi junto com os músicos eruditos, inclusive, que Saulo mostrou ao público um de seus maiores sucessos, a incendiária Eva. "Esse é um festival que seu pai e sua mãe assistem de casa. Tem que fazer bonito", brincou Saulo, ao falar sobre a importância que o evento tem no calendário baiano.
Ao chamar a convidada Marina Sena para o palco, Saulo abriu espaço para que a cantora mineira mostrasse dois de seus sucessos, Por Supuesto e Voltei Pra Mim. Marina também fez uma homenagem à cantora Gal Costa, que morreu em novembro de 2022 ao interpretar a canção Flor de Maracujá, gravada por Gal em 1974.
"O que Gal deixou é para sempre. Nada depois dela foi igual. E não só o canto dela, mas o pensamento, o corpo livre. Nós nascemos no mesmo dia, 26 de setembro", disse Marina ao sair do palco.
É com Marina Sena a última gravação de estúdio feita por Gal. Juntas, elas gravaram a canção Para Lennon e McCartney, lançada em formato de single um mês depois da morte de Gal.
<b>Set com canções românticas</b>
A cantora Luísa Sonza foi a quarta atração a subir ao palco do segundo dia do Festival de Verão de Salvador, no qual cantou músicas como Vip, Hotel Caro e Braba. A apresentação da cantora era uma das mais esperadas por um público que, até mesmo pela escalação do dia, estava disposto a ouvir música pop.
A convidada de Luísa foi Alcione, que neste ano completa 50 anos de carreira. A cantora, assim que foi anunciada pela anfitriã, foi saudada pelo público aos gritos de "Marrom". Sentada, Alcione faz uma pequena participação ao cantar três canções de seu repertório: Faz Uma Loucura Por Mim, Você Me Vira a Cabeça e Meu Ébano.
Antes do encontro no palco, Alcione elogiou Luísa. "Ela é um espetáculo de criança (Luísa tem 23 anos). Gosto do astral dela." A cantora também afirmou não ter nenhum preconceito musical. "Se a música é boa, eu gosto. Gosto de música e de pessoas que gostam de cantar. Se fizer o trabalho com alegria, eu gosto."
Alcione ainda ressaltou sua ligação com a Bahia. "Foi aqui que praticamente comecei minha carreira. No início, gravei muitos compositores baianos. Já me botaram em bloco, já fiz cortejo na Lavagem do Bonfim".
A segunda noite do Festival de Verão foi encerrada com a apresentação de Ludmilla que convidou para o palco a cantora Gloria Groove. O show era um dos mais aguardados do evento – expectativa criada pela apresentação que Ludmilla fez no último Rock in Rio.