Morre pioneiro no jornalismo ambiental e fundador da SOS Mata Atlântica

O jornalista Randau Marques morreu na quinta-feira, 9, aos 70 anos, vítima de um infarto fulminante. Nascido em Icaçaba, no interior de São Paulo, em um assentamento indígena, Randau trabalhou na redação do Jornal da Tarde por mais de 21 anos e marcou a história da imprensa nacional como o primeiro jornalista especializado em meio ambiente. Ele deixou a mulher e três filhos.

Sem ter feito o ensino superior, é definido por amigos e colegas de trabalho como um repórter brilhante, responsável por trazer à tona grandes temas da área ambiental, como o desmatamento da Amazônia.

"(Randau) Foi o pioneiro do jornalismo ambiental brasileiro. Era proativo, não tinha uma cobertura técnica, mas política", lembrou o jornalista Rodrigo Mesquita. Segundo ele, Randau fez com que o Jornal da Tarde acabasse indiretamente sendo um dos fatores de articulação do movimento ambientalista em São Paulo.

Grandes coberturas investigativas são a marca da carreira de Randau. Uma das mais importantes foi em 1985, quando revelou que a Serra do Mar estava desabando.

Foi ele, inclusive, que criou o termo Vale da Morte. "Foram anos de cobertura para conseguir fazer com que a empresa parasse de poluir daquela forma", conta Mesquita. "Foi ele que levantou toda a tragédia de Cubatão. Tem fotos da Serra do Mar que estava desmoronando. Ele acabou nesse processo de cobertura e cunhou o termo Vale da Morte, algo muito forte."

Em 1968, Randau foi preso após escrever uma reportagem que denunciou a contaminação de sapateiros com chumbo.

Bunker de livros, papéis, dossiês, material de consulta e um pequeno espaço para a máquina de escrever. Era nesse ambiente que Randau Marques protagonizou grandes coberturas investigativas, marca de sua carreira. "Era um gênio, um cara brilhantíssimo, de texto absolutamente próprio. Você lia a matéria e sabia que era dele", diz o ambientalista Fábio Feldmann.

Em seu currículo, acumula outros grandes feitos, além do jornalismo. Foi um dos fundadores da ONG SOS Mata Atlântica e da organização Oikos, em plena ditadura militar.

Feldmann conta que o jornalista foi também assessor especial da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e responsável por muitas reuniões anuais. "Foi ele o responsável por fazer essa ponte com a comunidade científica brasileira." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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