A Prefeitura de São Paulo vetou o cadastro de novos blocos do carnaval de rua nas áreas das Subprefeituras de Sé, Pinheiros, Lapa e Vila Mariana. São bairros que concentram mais da metade dos desfiles da cidade, alguns com centenas de milhares de foliões. A nova restrição e a busca por circuitos menos aglomerados têm levado agremiações a outros distritos do entorno do centro expandido, como Butantã (zona oeste), Santana e Casa Verde (ambos na zona norte), e Ipiranga (zona sul).
O Bloco Emo está entre os que decidiram sair da região central. "A zona norte acaba sendo menos escolhida pelos blocos do que os outros lugares. E, para a gente, é legal tentar desfilar sozinho na avenida", diz o produtor cultural Alexandre Cavalcanti, de 35 anos, fundador da agremiação. Em outros carnavais, o bloco chegou a ser o quarto a desfilar na Avenida Tiradentes no mesmo dia. Desta vez, estará sozinho na segunda-feira de carnaval, dia 20.
Com o veto à Tiradentes neste carnaval, o grupo poderia tentar outro trajeto no centro, mas optou pela Avenida Luís Dumont Villares, nas imediações da Estação de Metrô Parada Inglesa. "É uma avenida larga e com facilidade de acesso.
Optamos pela geografia do lugar", diz Cavalcanti. "Mas não posso dizer que estou me afastando do centro, porque é uma região supercentralizada ainda." A expectativa é de atrair de 50 mil a 100 mil pessoas. Na avaliação dele, a organização e realização do desfile no centro ou na Vila Madalena causariam maior "desgaste". A mudança para o distrito de Santana permite atrair público mais restrito a moradores do entorno e frequentadores do bloco – que é temático de rock (principalmente emocore) -, diferentemente do que ocorre nos circuitos mais visados, que atraem foliões por serem referência no carnaval de rua em desfiles específicos.
Como o <b>Estadão</b> mostrou em 2020, com o "boom" do carnaval paulistano, parte dos blocos tem adotado estratégias variadas para evitar um grande público: mudam trajetos e restringem divulgação da data e do horário dos desfiles. A ideia é garantir um público mais reduzido, sem aperto, ocorrências significativas e atraente para pessoas de todas as idades. A estimativa da gestão Ricardo Nunes (MDB) é de ultrapassar os 15 milhões de foliões do último carnaval oficial.
Somadas, as Subprefeituras Sé (121 desfiles), Pinheiros (74), Lapa (47) e Vila Mariana (32) representam 53,6% da programação do carnaval. Na sequência, as mais visadas neste ano são Butantã (24), Santana (21), Freguesia do Ó (18), Ipiranga (18), Santo Amaro (17), Mooca (16), Casa Verde (15) e MBoi Mirim (15).
<b>FREIO</b>
A limitação a novos blocos em quatro subprefeituras amplia uma regra que começou a ser implementada em 2020, para o fim de semana de pré-carnaval. Em 2023, a restrição não afetou a todos os estreantes. Segundo a Prefeitura, a regra não incide nas agremiações que já tinham cadastro prévio em uma subprefeitura, como as que se inscreveram no carnaval de rua do ano passado, suspenso por causa da covid-19.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>