A valorização do petróleo no exterior, o balanço do Itaú Unibanco e a expectativa de que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, adote um tom ameno em relação ao Banco Central (BC) permitem alta do Ibovespa. O presidente está sendo aconselhado por ministros do governo a baixar a temperatura nas falas contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto, informou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Além do crescimento no lucro do Itaú, Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side, ressalta que o provisionamento do banco com despesas duvidosas também é bem visto pelo mercado. "Isso ajuda as ações em si e as das demais do setor, levando o Ibovespa junto.
Outro ponto que ajuda é a valorização do petróleo, refletindo em papéis do segmento. Tudo isso ajuda a segurar o índice em alta, mas a liquidez tem sido baixa", avalia. Ontem, o giro financeiro foi de R$ 22,5 bilhões.
O Itaú registrou lucro líquido gerencial de R$ 7,668 bilhões no quarto trimestre, uma alta de 7,1% em relação ao mesmo período de 2021. Já no ano, o lucro do maior banco privado do País cresceu 14,5%, para R$ 30,78 bilhões. Amanhã, depois do encerramento das negociações na Bolsa, sai o balanço do quarto trimestre do Bradesco, cujas ações subiam 5,50% às 11h12.
Apesar da valorização do índice Bovespa, o profissional da B.Side Investimentos ressalta que ainda há muita incerteza fiscal por aqui. "O investidor pessoa física tem deixado a Bolsa e indo para a renda fixa. O que segura é o estrangeiro, em meio a oportunidades. Olha o panorama geral e vê que o Ibovespa e algumas ações da carteira está muito barato, muito descontando", completa Mastromonico.
"Parece que será um dia um pouco mais calmo. Talvez Lula maneire na questão de atacar o BC. Desde que Nova York teve a virada alta diante do entendimento de um Fed <i> dovish </i>, mais brando, aqui não acompanhou por causa dos ruídos políticos", avalia Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos.
Uma alta, porém, pode ser pontual. Além da política, o setor varejista deve ficar no foco das atenções. Como apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a Marisa iniciou uma renegociação de seu passivo, envolvendo um montante de cerca de R$ 600 milhões.
De um lado, pode gerar cautela em outras empresas, mas também tende a ser motivo de oportunidades de ações de concorrentes, ainda que Marisa não esteja no Ibovespa. Ao mesmo tempo, as ações da Eletrobras ficam no radar dos investidores. Lula disse ontem que pretende reverter cláusulas do processo de privatização da empresa. Os papéis cediam 0,87% (PNB) e 0,71% (ON) às 11h11.
No pré-mercado de Nova York, a maioria dos índices futuros cai, em meio a incertezas sobre o ritmo de alta dos juros no país. Por isso merecem atenção os comentários esperados hoje de seis dirigentes do Federal Reserve (Federal Reserve, o banco central americano), após ontem o presidente da instituição, Jerome Powell, reafirmar que os EUA estão no início de um processo desinflacionário.
No Brasil, os investidores esperam o desfecho do café da manhã de Lula com o Conselho Político da Coalizão e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar da reforma tributária e da medida provisória que restabelece o voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Na terça, o Ibovespa fechou em baixa de 0,82%, aos 107.829,73 pontos, enquanto o dólar e os juros de longo prazo subiram, diante da cautela provocada após novas críticas de Lula ao BC. As ações de bancos foram penalizadas. Nesta quarta, contudo, sobem, com destaque para Itaú, com valorização de mais de 5%, depois da divulgação do balanço com resultado recorde no quarto trimestre, nesta terça, após o fechamento da B3.
Às 11h14, o Ibovespa subia 0,58%, aos 108.447,70 pontos, após máxima diária de 108.882,39 pontos, em alta de 0,98%. Petrobras avançava 0,27% (PN) e 0,35% (ON), tentando seguir a valorização do petróleo no exterior. Já as ações ligadas ao minério de ferro, que subiu quase 0,70% na China, cediam.