O gerente da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cristiano Santos, avaliou que o resultado do comércio varejista em 2022, divulgado nesta quinta-feira, 9, pelo órgão – uma alta de 1% em relação a 2021 -, está muito próximo de anos anteriores. Ele destacou, no entanto, que foi verificada uma grande concentração no setor de combustíveis e lubrificantes, que acumulou alta de 16,6% no ano passado, uma distância grande para o acumulado dessa atividade em 2021 (0,3%).
O pesquisador lembra que o setor de combustíveis começou uma trajetória de crescimento em julho do ano passado, quando houve mudança na política de preços dos seus principais produtos.
"Com essas mudanças, essa atividade teve aumento significativo e, após aquele momento, teve quedas grandes. Em novembro, houve uma perda de 5,4%, e o resultado de dezembro intensificou ainda mais essa trajetória. Mesmo assim, o acumulado do ano para esse setor foi o maior da série histórica", avalia Cristiano.
Só no segundo semestre do ano, o segmento de combustíveis e lubrificantes cresceu 27,8%.
O setor de hiper e supermercados, que é o de maior peso na pesquisa, está há dois meses no campo negativo, mas encerrou o ano com ganho acumulado de 1,4%.
"Uma das explicações para esse crescimento é a queda de 2,6% no ano anterior. Em 2022, tivemos o efeito da inflação elevada sobretudo em alimentos, o que favorece mais esse setor que outros, já que muitos deixam de consumir outro tipo de produto para continuar comprando esses itens básicos, ainda que reduzam o dispêndio de forma geral. No último trimestre, tivemos também o efeito do aumento do Auxílio Brasil, alcançando as famílias de menor renda que tendem a usar o valor do benefício em hiper e supermercados", analisa.
O crescimento também no setor de livros é associado pelo economista ao retorno da circulação de pessoas e das aulas presenciais. Essa atividade não acumulava alta, frente ao ano anterior, desde 2013.
"É um setor que acumula perdas ao longo dos anos, por causa do esvaziamento das lojas físicas, já que muitas pessoas deixaram de comprar produtos físicos dessa natureza. O que explica esse crescimento no ano é a venda de materiais didáticos em um momento de volta às salas de aula de forma presencial", destaca o pesquisador.