Estadão

Lula defende ampliação de Conselho da ONU e governança global do clima

Depois de seu encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que é preciso desenvolver uma governança global para combater as mudanças climáticas de forma efetiva e que o Conselho de Segurança das Nações Unidas precisa se atualizar para cumprir essa demanda. "Eu acho que o Conselho de Segurança da ONU hoje é de uma geopolítica de 45", afirmou, em entrevista ao Jornal Nacional da <i>TV Globo</i> veiculada na noite de sábado, 11, e referindo-se ao ano de fundação (1945) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Segundo Lula, o Conselho de Segurança – que hoje é composto por Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China como membros permanentes – deveria ampliar seu quadro com países africanos e outras nações como Brasil, Alemanha, Índia, Japão, México e Argentina.

"O que precisa é que a gente tenha mais representatividade, para que quando se tomar uma decisão, essa decisão possa ser cumprida e a gente possa ter certeza de que a gente vai recuperar o planeta terra para nós", disse o presidente da República.

No mesmo sentido, Lula reforçou as promessas de combate ao desmatamento e ao garimpo ilegal na Amazônia, comprometendo-se por trabalhar pelo desmatamento zero até 2030.

<b> Guerra Fria e guerra na Ucrânia</b>

Lula também se manifestou a respeito dos embates políticos e econômicos entre Estados Unidos e China e garantiu que não pretende entrar nessa "guerra fria". " O Brasil tem na China e nos Estados Unidos dois grandes parceiros comerciais e a gente quer manter a relação", afirmou.

Ele aproveitou para destacar que esse é um ótimo momento para fortalecer as relações entre o Mercosul e a União Europeia. "O que a Europa tem que compreender é que a Europa, junto com a América do Sul, a gente pode formar um bloco muito mais forte para negociar com essas duas potências", disse.

O presidente também voltou a falar da guerra entre Rússia e Ucrânia, repetindo sua proposta de formar uma aliança de países que não estão envolvidos no conflito e que poderiam agir para buscar um cessar-fogo entre os países, como um "G-20 pela paz". "O Putin tem que compreender que está errado", acrescentou.

<b>Discussão de temas bilaterais com os EUA e convite a Biden para visita ao Brasil</b>

Em reunião em Washington na sexta-feira, 10, Lula e Biden discutiram temas bilaterais e também pautas de interesse global, como defesa da democracia, disponibilização de fundos internacionais para países de grande biodiversidade e promoção de um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia.

Em destaque, os norte-americanos sinalizaram com um "apoio inicial" ao Fundo Amazônia e discutiram uma governança global para o clima, além de ações de combate ao extremismo e à violência política após os atos antidemocráticos ocorridos no Brasil, em 8 de janeiro, e no Capitólio, nos EUA, há cerca de dois anos.

Segundo nota do Itamaraty, Lula convidou Biden a visitar o Brasil e o norte-americano aceitou o convite. "Os dois líderes comprometeram-se a ampliar seu diálogo e buscar cooperação mais profunda em preparação para a celebração do bicentenário das relações diplomáticas Brasil-EUA em 2024", afirma o órgão.

A viagem de Lula aos Estados Unidos durou dois dias e ainda envolveu encontros com líderes da esquerda americana, como os parlamentares Alexandria Ocasio-Cortez e Bernie Sanders.

A ida aos Estados Unidos marca a terceira visita internacional deste mandato do presidente Lula, que já esteve na Argentina e no Uruguai em janeiro.

Além disso, depois da vitória nas urnas, mas antes da posse, Lula também visitou Portugal e esteve no Egito durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27).

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