Estadão

Empresas de aplicativos exploram trabalhadores como nunca, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as empresas de aplicativo e disse que os trabalhadores jamais foram tão explorados como são atualmente com tais companhias. De acordo com ele, a classe sindicalista terá de brigar outra vez para restituir o direito de o trabalhador viver com dignidade.

"Aqui no Brasil, nós temos uma imensa maioria de trabalhadores que são intermitentes, temporários, que não conhecem o seu empregador, que sequer tem onde reclamar quando alguma desgraça acontece na vida", declarou o chefe do Executivo, em evento na tarde desta quarta-feira, 1º, no Palácio do Planalto com a Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA). Na avaliação do presidente, o movimento sindical vive uma situação complicada e difícil.

"O trabalho informal ganha dimensão maior que o trabalho formal e as empresas de aplicativo exploram os trabalhadores como jamais em outro momento da história os trabalhadores foram explorados", pontuou. Segundo ele, "todo mundo sabe o efeito do mundo do trabalho com as empresas de aplicativo".

Segundo Lula, cabe aos dirigentes sindicais encontrar uma saída que permita com que a classe trabalhadora do mundo "reconquiste" o espaço, não apenas na relação com os empregadores, mas na seguridade social.

De acordo com o chefe do Executivo, os dirigentes sindicais terão grande responsabilidade de tentar estruturar uma nova relação na legislação na relação entre trabalho e capital. O presidente citou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, presente no evento, e disse que o chefe da Pasta terá a responsabilidade de reconstruir a "relação democrática que nós tínhamos estabelecido com o movimento sindical".

Em críticas a governos de direita que presidiram países da América Latina, o presidente citou um aumento do desemprego em várias nações da região. "Muitos trabalhadores em muitos países, na reforma previdenciária, perderam direitos quase que seculares", disse. Segundo ele, a saída para a classe trabalhadora não está na luta sindical, mas na luta política. "O sindicato é apenas um instrumento e que muitas vezes a nossa luta é economicista."

Em janeiro, Lula anunciou a criação de um grupo de trabalho para formular uma nova proposta de regulação trabalhista para trabalhadores que prestam serviços por meio de aplicativos. Na ocasião, o presidente disse que a "situação beira trabalho escravo". Essa também é a avaliação do ministro Marinho. Em entrevista ao Estadão, ele disse que irá enquadrar as empresas que trabalham dessa forma. "Vamos enquadrar esse povo. Vamos chamar as empresas. Dona Uber, venha cá. Dona iFood, senta aqui", afirmou.

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