O Real Madrid não aceitou as condições impostas pela Uefa, na terça-feira, de somente reembolsar o impresso de alguns de seus torcedores pela confusão generalizada que ocorreu antes da decisão da Liga dos Campeões, em maio de 2022, no Stade de France. A entidade havia anunciado, ainda, que todos os 19.618 torcedores do Liverpool receberiam o valor de ingresso de volta. Os merengues soltaram nota nesta quinta-feira na qual responsabilizam a entidade pelo ocorrido e vão pedir reembolso total aos espanhóis que foram acompanhar a final e tiveram passagens e objetos pessoais roubados no meio do tumulto.
O evento foi marcado por grande confusão na entrada do estádio, na qual policiais usaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo após tentativas de invasão de torcedores sem ingressos ao setor destinado à torcida do clube inglês. A repressão policial teve impacto para todos que estavam no local.
A Uefa informou que aceitará pedidos de reembolso de torcedores do Real Madrid, que devem abrir uma solicitação junto ao serviço de apoio ao cliente da entidade e que passaria por avaliação com base em critérios definidos por ela e reprovados pelo Real Madrid.
O clube usa o relatório elaborado por uma equipe de especialistas nomeados pela Uefa para cobrar mais que o simples reembolso de ingressos. O documento concluiu que, entre outras instituições, a própria Uefa é a responsável direta pelo que aconteceu nas imediações do estádio.
"O referido relatório responsabiliza a Uefa pela escolha arbitrária do local e pela organização da própria final, cujas graves deficiências colocaram em perigo a segurança e a integridade física dos torcedores que assistiram ao jogo. Muitos deles foram vítimas de roubo de passagens e objetos pessoais, como bolsas, telefones e carteiras. E o mais grave, alguns desses torcedores sofreram agressões físicas que exigiram atendimento médico e internação", informou o clube espanhol, antes de listar suas reivindicações.
"Dada a contundência das conclusões dos peritos e a gravidade dos fatos descritos, o Real Madrid vem mantendo conversas com a Uefa para avaliar a compensação que seria oferecida aos torcedores. O nosso clube confiou sempre que estas soluções seriam condizentes com a gravidade dos fatos, a dimensão dos prejuízos causados e a responsabilidade da entidade por tudo isto", afirmou. "Infelizmente, o nosso clube considera insuficiente a proposta da Uefa, comunicada oficialmente na terça-feira e que consiste exclusivamente no reembolso do preço dos bilhetes, que está também condicionado ao cumprimento de uma série de requisitos, entre os quais se inclui comprovar o tempo de acesso ao estádio."
No conteúdo do relatório solicitado pela Uefa aparece destacado que todos os torcedores que assistiram a final foram vítimas da sua má organização e viram a sua segurança e integridade física comprometidas. "Por esta razão, a realidade é que todos os torcedores sofreram um atraso inadmissível no início da partida, além da insegurança inaceitável tanto no acesso ao estádio quanto na sua evacuação, além de prejuízos graves adicionais como roubos, assaltos e ameaças."
O Real Madrid decidiu não colaborar no procedimento de compensação limitada promovido pela Uefa e pediu uma retificação para a entidade, cobrando que ela assuma total responsabilidade pelos danos aos torcedores merengues.
"Nestas circunstâncias, será criado nos próximos dias um serviço de assistência para que todos os madridistas e torcedores que sofreram danos de qualquer natureza na final da Liga dos Campeões de 2022, em Paris, possam avaliar as reclamações oportunas contra a Uefa em defesa dos seus legítimos interesses pessoais."