Estadão

Xi Jinping firma com Putin 14 acordos, em meio a ameaças de sanções dos EUA

O presidente chinês, Xi Jinping, e seu colega russo, Vladimir Putin, prometeram ontem expandir sua parceria econômica e fortalecer sua cooperação militar a fim de ampliar a confiança mútua entre suas Forças Armadas com exercícios militares, em meio a ameaças de sanções dos EUA se a China fornecer armas à Rússia.

Delineando uma ordem econômica alinhada com seu objetivo comum de contrabalançar os Estados Unidos e seus aliados ocidentais, os dois líderes assinaram 14 acordos com foco principalmente na colaboração econômica – entre eles a construção de um gasoduto que levará gás russo pela Sibéria até o norte da China.

Putin disse que a Rússia está pronta para atender à crescente demanda da China por energia, sugerindo que Pequim continuará sendo um enorme mercado para as exportações da Rússia, reforçando a economia russa contra as duras sanções ocidentais sobre a invasão da Ucrânia.

<b>Ameaças</b>

Os EUA advertiram, em meio à primeira visita de Xi à Rússia desde a invasão da Ucrânia, que imporão sanções a empresas chinesas caso Pequim envie armas para a guerra russa na Ucrânia. Neste mês, o Departamento do Tesouro colocou cinco empresas chinesas e um de seus funcionários em uma lista de restrições, congelando seus ativos nos Estados Unidos e impedindo empresas ou indivíduos americanos de fazer negócios com eles.

Essas empresas chinesas foram responsáveis pela venda de "milhares de componentes aeroespaciais" para o Irã, incluindo alguns que podem ser usados em veículos aéreos não tripulados (UAVs), como os que foram parar na Rússia, disse o Departamento do Tesouro. Mas o fluxo contínuo de drones chineses para a Rússia – que os usa em sua guerra na Ucrânia – indica que será difícil reprimir empresas que vendem tecnologias críticas para Moscou.

<b>Drones</b>

Embora as vendas de drones tenham diminuído, as políticas americanas adotadas após a invasão da Rússia não conseguiram conter as exportações de veículos aéreos não tripulados que funcionam como olhos no céu para os combatentes da linha de frente. Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, a China vendeu mais de US$ 12 milhões (R$ 63 milhões) em drones e peças de drones para os russos, segundo dados oficiais da alfândega russa de um provedor de dados terceirizado.

É difícil determinar se os drones chineses contêm tecnologias americanas que violariam as regras dos EUA ou se são legais. As remessas, uma mistura de produtos da DJI, a fabricante de drones mais conhecida do mundo, e uma série de empresas menores, muitas vezes vinham de pequenos intermediários e exportadores.

Quaisquer sanções dos EUA em resposta aos embarques de armas chinesas provavelmente serão mais limitadas do que o pacote adotado contra a economia russa no ano passado, depois que a Rússia invadiu a Ucrânia.

Scott Kennedy, especialista em China do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, disse que Xi quer preservar laços fortes com Moscou. Mas também valoriza os vínculos comerciais da China com os EUA e a Europa, que os embarques de armas colocariam em risco.

"Isso seria uma mudança bastante dramática. É improvável que a China tome uma decisão tão importante. O mundo pareceria diferente no dia seguinte se eles seguissem em frente", disse o especialista.

Pequim e Moscou reforçaram sua cooperação nos últimos anos, unidos pela vontade de conter a influência americana no cenário mundial. Mas seu relacionamento aumentou depois que Washington impôs sanções à Rússia e restringiu o acesso chinês à tecnologia dos EUA por motivos de segurança. Xi acusou os Estados Unidos este mês de tentar bloquear o desenvolvimento econômico da China.

Em meio ao contexto de tensão com o Ocidente, os dois países denunciaram os crescentes vínculos da Otan com países da Ásia-Pacífico em relação a questões militares e segurança, mas, ao mesmo tempo, se manifestaram contra a possibilidade de uma guerra nuclear, dizendo que esse tipo de confronto somente deixaria perdedores.

<b>Plano de paz</b>

Com relação ao plano de paz que Xi apresentou a Putin, o líder russo elogiou a posição "construtiva e equilibrada" da China, mas jogou sobre a Ucrânia e o Ocidente a responsabilidade por um avanço. "Muitos dos pontos incluídos no plano de paz da China estão em consonância com a posição russa e podem servir de base para uma solução pacífica quando o Ocidente e Kiev estiverem preparados para isso", disse Putin após uma reunião de quatro horas e meia com Xi no Kremlin, acrescentando que não viu tal disposição nesse sentido.

A iniciativa chinesa é relativamente vaga para satisfazer o Kremlin, já que, apesar de defender a integridade territorial dos países, ela não cita em nenhum momento a anexação russa de quatro regiões ucranianas ou a retirada das tropas russas. Em compensação, condena as sanções contra a Rússia e a expansão militar da Otan, o principal argumento russo para sua campanha militar. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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