Sob comando de oposicionistas, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) aprovou a convocação de quatro ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Numa demonstração de falha da base governista, os deputados da oposição não tiveram dificuldade de votar as propostas de pedidos de esclarecimentos aos ministros Flávio Dino (Justiça), Marina Silva (Meio Ambiente), Carlos Lupi (Previdência) e Carlos Fávaro (Agricultura). A comissão é comandada pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PL-DF).
As audiências com os ministros foram marcadas para abril e os argumentos para a justificativa tocam em pautas caras ao bolsonarismo. Dino foi chamado para esclarecer a ida ao Complexo da Maré, favela no Rio de Janeiro, local que, argumenta o autor de um dos três requerimentos apresentados na comissão, Carlos Jordy (PL-RJ), é "dominado por facção criminosa"; Lupi foi convidado para esclarecer os descontos desautorizados na folha de pagamento dos aposentados em benefício de entidades sindicais; Fávaro terá que explicar as denúncias de invasões de terras pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Marina falará sobre a declaração de que 120 milhões de brasileiros passam fome e o recorde de desmatamento da Amazônia em fevereiro de 2023.
Como mostrou o <b>Estadão</b>, o PT e o PL polarizam a disputa pelo controle das 30 comissões temáticas da Câmara. Enquanto o governo ficou com a Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) e indicou Rui Falcão (SP). O colegiado é responsável por barrar a tramitação de propostas consideradas inconstitucionais, a CFFC, que tem a missão de fiscalizar o governo, foi pedido prioritário do PL.
Zeca Dirceu (PT-PR) afirmou que mobilizou petistas para ocuparem a CFFC – esforço sem eficácia nesta primeira reunião. Apenas o deputado Jorge Solla (PT-BA) discutiu matérias nesta quarta-feira, 22.
A principal estratégia da oposição a Lula é usar o colegiado para convocar ministros a prestar esclarecimentos, o que acontece em outros colegiados. Na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, por exemplo, deputados membro submeteram mais de 20 requerimentos para convocar Dino. A federação petista e o partido de Bolsonaro ficaram com cinco comissões cada.