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A magia centenária de Disney é revista com exibição de clássicos em SP

Desde que foi criada, há cem anos, a Disney é puro encantamento, não apenas para a criançada, mas conquistando também o público adulto. Quem tem criança em casa sabe bem como essa magia funciona. Assistir a determinada animação inúmeras vezes, incansavelmente, saber falas de cor e salteado. Para esse público que faz questão de ver e rever clássicos do estúdio, a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, começa a exibir nesta quinta-feira, 23, uma mostra com obras de períodos variados, mas que fazem parte da vida de gerações de cinéfilos.

A abertura da mostra <i>100 Anos da Criação da Disney</i> será com a exibição de <i>Bambi</i>, produção de 1941, e<i> Moana: Um Mar de Aventuras</i>, de 2016. Terá títulos para todos os gostos – ao todo foram selecionadas 16 animações, a serem mostradas até o dia 2 de abril, com entrada gratuita.

Nesses cem anos de existência, em uma trajetória de sucessivos feitos na área da animação, a Disney conquistou um público cativo, além de influenciar gerações de profissionais do cinema. "Como qualquer artista de animação de minha geração, fui muito influenciado pela Disney, pois era tudo que havia como referência na época", conta o brasileiro Alê Abreu, diretor de obras premiadas como O Menino e o Mundo, que foi indicada para concorrer ao Oscar 2016, e a mais recente Perlimps.

O animador paulistano, 52 anos, volta no tempo para lembrar o contato inicial com os desenhos. Ele se recorda do primeiro filme a que assistiu nos cinemas, por volta dos 5 anos: A Gata Borralheira. "Tenho memórias muito boas de desenhos como <i>Robin Hood, A Espada Era a Lei</i>, <i>Bernardo e Bianca</i>", destaca o cineasta. "Foi nessa fase em que os desenhos passaram a ser transferidos com xerox para os acetatos, mantendo na tela aqueles traços incríveis dos grandes animadores, como Frank Thomas", explica Alê.

Na mostra da Cinemateca, os traços que tornaram a empresa esse sucesso global podem ser conferidos por meio dos filmes programados. O público verá desde obras antigas, como <i>Branca de Neve e os Sete Anões</i> (1937), <i>Fantasia</i> (1940) e <i>O Cão e a Raposa</i> (1981), a mais recentes, como A<i> Bela e a Fera</i> (1991), <i>Moana: Um Mar de Aventuras</i> (2016) e Viva: A Vida É uma Festa (2017).

Na entrevista ao <b>Estadão</b>, Alê analisa a força que a Disney sempre teve e como suas animações estabelecem laços profundos com seu público. "Foi um trabalho limpar meu desenho do excesso de influências da Disney", admite o cineasta, para quem seu curta Espantalho é muito "disneyano", pela forma de animar aquela personagem. "Mesmo Garoto Cósmico, onde eu já experimentava outro estilo gráfico, tem ainda aquela ideia dos musicais que a Disney emplacou nos anos 1990 – de <i>A Pequena Sereia</i> até o <i>Rei Leão</i>", afirma. E foi nesse período, como recorda o diretor, que, com a ajuda da internet, "pudemos ter acesso a outros filmes".

<b>INFLUÊNCIAS</b>

Ainda sobre a Disney e o que ficou marcado em sua lembrança, Alê assinala conexões com sua obra. "Tem dois filmes cuja direção de arte sempre me encantou. <i>A Bela Adormecida</i>, com toda a floresta e elementos construídos de forma geométrica, verticalizada e bem gráfica, e Bambi, onde os cenários são mais manchados, sugerindo a natureza. Este segundo foi uma das referências para o trabalho de arte em meu último filme, Perlimps", explica.

Uma empresa completar cem anos na área cinematográfica, com produtos amados por gerações, é algo que reflete a magnitude do trabalho realizado para desenvolver as animações. Desde sua origem a Disney encantou com seus personagens – é difícil que alguém não sinta a magia do primeiro Mickey assobiando em seu barquinho. E a empresa não ficou parada: foi adiante, criou novos personagens e histórias, que muitas vezes contêm temas delicados, mas importantes para a sociedade.

Sobre essa questão, Alê é categórico ao afirmar que não vê problema em incluir temas fortes nos filmes – a questão, adverte, é sempre "como" isso é proposto. "As crianças podem e devem ter acesso a tudo, desde que não seja algo impróprio, obviamente. Variação de temas e linguagens é algo muito rico. Aprendem a se relacionar ativamente com as obras", diz. "Meu filho assistiu comigo a <i>O Conto da Princesa Kaguya</i>, de Isao Takahata, do começo ao fim. Um filme longo, aparentemente cansativo para crianças, com um tema muito forte, a morte. Choramos juntos e nos abraçamos."

<b>CRIANÇA FELIZ</b>

Nas memórias do cineasta brasileiro, está lá uma viagem inesquecível, quando ainda era criança, mas já mostrava para onde pretendia ir no futuro. "Com uns 10 anos, fui à Disney com minha família, mas ficava muito mais entretido com as lojas que vendiam originais dos filmes para colecionadores do que com os brinquedos do parque", diverte-se Alê sobre suas boas lembranças. "Ganhei de meu pai, que já sabia que eu sonhava em ser animador, um livro imenso, daquela grandes e bem pesados, com sequências de animações, concept board, cenários, de vários filmes. Guardo com carinho até hoje e puxei-o da prateleira para este papo."

<b>100 Anos da Criação da Disney</b>
Cinemateca. Largo Sen. Raul Cardoso, 207. 5ª, 15h/ 17h; 6ª, 15h20/ 17h; sáb., 14h/ 16h30; dom., 14h/ 16h.
Gratuito – ingressos distribuídos
1 h antes de cada sessão. Até 2/4

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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