Estadão

Ata: em emergentes, ciclos de aperto chegam a pausa ou sugerem proximidade do fim

Enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) reforça em seus comunicados oficiais que não hesitará em retomar o ciclo de alta de juros se for necessário, o colegiado enfatizou em ata divulgada nesta terça-feira que, em várias economias emergentes, os ciclos de aperto chegam a uma pausa ou sugerem proximidade de seu fim.

"De toda forma, a sinalização majoritária entre as autoridades monetárias é de um período prolongado de juros elevados para combater as pressões inflacionárias, o que requer maior cautela na condução das políticas econômicas também por parte de países emergentes", trouxe o documento, acrescentando que o processo de normalização da política monetária prossegue na direção de taxas restritivas de forma sincronizada entre países.

O Copom comentou que, desde a sua reunião anterior, no início de fevereiro, o ambiente externo se deteriorou. "Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento", observaram os integrantes do comitê no documento. Eles também ressaltaram que as economias centrais têm enfatizado o princípio da separação de objetivos e instrumentos na condução das políticas monetária e macroprudencial.

A ata também pontuou que os dados recentes de atividade e inflação globais se mantêm resilientes e a política monetária nas economias centrais segue avançando em trajetória contracionista. "O ambiente externo segue marcado pela perspectiva de crescimento global abaixo do potencial, mas a flexibilização da política de combate à Covid na China, um inverno mais ameno na Europa e a possibilidade de uma desaceleração gradual no crescimento nos Estados Unidos suavizam a desaceleração econômica global em curso resultante do aperto das condições financeiras nas principais economias", ponderaram.

<b>Sistema bancário</b>

Já sobre os recentes episódios envolvendo o sistema bancário em economias centrais, o Copom comentou que o impacto sobre as condições financeiras e consequentemente sobre o crescimento global dos ainda é incerto, porém tem viés negativo. "Leituras de inflação recentes apontam para alguma estabilização dos núcleos de inflação em diversos países em patamares superiores a suas metas e reforçam o caráter inercial do atual processo inflacionário", destacou.

Para o BC, o ambiente inflacionário segue desafiador e o baixo grau de ociosidade do mercado de trabalho em algumas economias, aliado a uma inflação corrente persistentemente elevada e com alto grau de difusão. Esse quadro, segundo a autoridade monetária, sugere que pressões inflacionárias, particularmente no setor de serviços, devem demorar a se dissipar.

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