Às vésperas das eleições no Congresso, parlamentares dos partidos de esquerda tentam conseguir apoio suficiente para tirar do papel a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde. O mutirão é para que o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), possa autorizar a CPI na segunda-feira, 1º, dia da disputa que vai escolher a nova cúpula do Congresso, como último ato de sua gestão.
Com o agravamento de crises, uma CPI sempre é vista por políticos como o primeiro passo para impulsionar processos de impeachment e é justamente essa a ideia de aliados de Maia. A corrida para abrir uma comissão a fim de investigar as falhas do governo na condução da pandemia do coronavírus foi reforçada diante da possibilidades reduzida de andamento das investigações, caso os candidatos governistas sejam eleitos.
A abertura de uma CPI depende da assinatura de 171 deputados e de um despacho do presidente da Câmara reconhecendo o cumprimento de exigências regimentais. A oposição iniciou a coleta de apoios na tarde da de quarta-feira, 27. Os partidos de esquerda reúnem 129 deputados. Até esta quinta, 28, a contabilidade indicava aproximadamente 100 assinaturas, mas líderes das legendas apostavam na adesão de mais parlamentares. "Se conseguirmos as 171 assinaturas até domingo (amanhã), a CPI será deferida na segunda", disse o líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE).
Para o vice-líder do governo na Câmara, Evair Vieira (Progressistas-ES), não é possível falar em impeachment ou abertura de investigação no momento em que o País precisa se desvencilhar da crise. Na avaliação de Vieira, as ameaças de aliados de Maia e do candidato apoiado por ele na eleição, Baleia Rossi (MDB-SP), soam como "vingança". "Seria muito triste saber que a Câmara teve como presidente alguém com esse sentimento de vingança, de raiva."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>