O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse que será um facilitador da condução das políticas monetária e fiscal, fazendo o meio de campo entre Banco Central e Ministério da Fazenda, já que ele mantém boa relação com a diretoria do BC, em especial com o presidente, Roberto Campos Neto.
"A minha missão no Banco Central é de ser facilitador de convergência entre o BC e a Fazenda", disse ela, em entrevista à <i>CNN</i>.
Galípolo se esquivou de fazer comentários sobre condução da política monetária, ainda mais com sua indicação para a autoridade monetária pendente da avaliação da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado. "Seria pouco adequado dar algum tipo de pitaco", disse.
Ele avaliou que, desde o início do governo, a gestão de Fernando Haddad frente ao ministério da Fazenda vem vencendo o ceticismo do mercado em relação a um novo governo PT.
Pontuou que medidas adotadas pela Fazenda colaboraram para a apreciação do câmbio, com uma valorização do real ante o dólar, e os juros de câmbio e curva de juros melhoraram. Com esse cenário econômico consolidado, avalia Galípolo, será possível vislumbrar uma redução de juros. "Esses ativos proporcionam um cenário mais favorável para que o Banco Central analise dados e possa inaugurar ciclo de baixa de juros", afirmou.
Mais uma vez, Galípolo afastou a possibilidade de atuar dentro do BC como um porta-voz do governo, no sentido de formação de uma bancada, e disse que vai trabalhar pela convergência das políticas monetária e fiscal.
<b>Parceria com o Legislativo</b>
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda disse que a parceria com o Legislativo foi muito positiva durante seu período de Ministério da Fazenda. "Todo diálogo que foi feito com o presidente Arthur Lira (PP-AL) e o relator Claudio Cajado (PP-BA) foi positiva pensando no arcabouço como algo que não vai servir a apenas um governo, mas a um Estado."
Galípolo elogiou a postura dos deputados, que mostraram a intenção de debater e melhorar o arcabouço. "Não tivemos acesso ao relatório final do arcabouço, mas acredito na boa fé de Cajado", afirmou em entrevista à <i>CNN</i>.
<b>Meta de inflação</b>
Ele negou que a discussão de meta de inflação levantada pelo governo tenha tido alguma vez objetivo "casuístico" de influenciar a taxa básica de juros. "Em nenhum momento, foi colocado de maneira casuística, para tentar ver como poderia ser feito algum tipo de alteração, para ter objetivo específico na taxa de juros. É uma discussão que é contínua", afirmou.
Segundo Galípolo, o debate contínuo envolve a Fazenda, o BC e o Planejamento e trata de avaliação sobre a literatura e as melhores práticas internacionais para uma atualização do arcabouço de política monetária no Brasil. O número 2 da Fazenda disse que essa discussão envolve os parâmetros que estão sendo observados lá fora e também o nível de indexação da economia brasileira.
"O BC tem técnicos muito bem qualificados, que fazem essa discussão de forma profunda e contínua, olhando as melhores práticas ao redor do globo", disse elogiando os servidores do BC.