Um em cada cinco trabalhadores brasileiros recebia menos da metade do salário mínimo em 2019. A renda média entre os 20% com menores rendimentos do trabalho era de apenas R$ 471 no ano passado. Se considerados os 50% com menores rendimentos, ou seja, metade de todos os trabalhadores em atividade, a renda média subia a R$ 850, ainda aquém do salário mínimo de R$ 998 determinado por lei em 2019.
Os resultados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: Rendimento de todas as fontes 2019, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em ambos os casos, houve ligeira redução na renda média do trabalho em relação a 2018, R$ 1 a menos. Os trabalhadores mais bem remunerados também tiveram redução de renda, mantendo o Índice de Gini da renda do trabalho estagnado em 0,509 no ano passado, mesmo resultado de 2018. O Índice de Gini é um indicador que mede a desigualdade numa escala de 0 a 1, sendo maior a concentração de renda quanto mais próximo de 1 for o resultado.
Apesar de não ter piorado, a concentração de renda permanecia aguda no mercado de trabalho. A fatia de 1% de trabalhadores mais bem remunerados recebiam R$ 28.659 em 2019, enquanto os 10% trabalhadores com remunerações mais baixas ganhavam, em média, apenas R$ 267 mensais.
Na média nacional, a renda do trabalho foi de R$ 2.308 em 2019, R$ 9 a menos que em 2018. No entanto, houve aumento no número de pessoas com renda de trabalho, passando de 43,4% da população em 2018, ou 90,1 milhões de trabalhadores, para 44,1% em 2019, 92,5 milhões de indivíduos.
"O aumento no trabalho por conta própria e a redução na carteira assinada podem ter afetado sim essa média do rendimento do trabalho", afirmou Alessandra Scalioni Brito, analista do IBGE.
A população que se autodenomina branca ainda recebia quase o dobro no mercado de trabalho do que os trabalhadores que se dizem negros ou pardos. O rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas brancas foi de R$ 2.999 em 2019, enquanto os autodeclarados pardos receberam R$ 1.719 e os pretos, R$ 1.673.
As desigualdades entre homens e mulheres também permaneceram: a renda do trabalho dos homens foi R$ 2.555, 28,7% mais alta que a das mulheres, que receberam R$ 1.985.
Os trabalhadores com ensino superior completo recebiam R$ 5.108 de remuneração média no ano passado, quase três vezes mais que a renda dos trabalhadores que concluíram apenas o ensino médio, de R$ 1.788, e cerca de seis vezes superior ao rendimento daqueles sem instrução, de R$ 918.
O total de pessoas que receberam aposentadoria ou pensão teve ligeiro aumento, de uma fatia de 14,6% da população em 2018 para 14,7% no ano passado.
Já o porcentual de domicílios atendidos pelo Bolsa Família caiu de 13,7% em 2018 para 13,5% em 2019. Em 2012, 15,9% dos domicílios do País recebiam o Bolsa Família.
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) era recebido em 3,7% dos domicílios do País em 2019, ante uma fatia de 3,6% em 2018. Em 2012, esse ponto porcentual era de 2,6%.