Estadão

Milícia russa anti-Putin ataca vilarejo na Rússia; Kremlin acusa Ucrânia

Milicianos lançaram ontem um ataque contra o vilarejo russo de Kozinka, na fronteira com a Ucrânia. Por trás da ação estaria um grupo chamado Legião da Liberdade da Rússia, que afirma ser anti-Kremlin e luta para derrubar o presidente Vladimir Putin.

Moscou nega a existência de grupos dissidentes armados em seu território. Viatcheslav Gladkov, governador da região russa de Bolgorod, afirmou ontem que os milicianos que atacaram Kozinka seriam "sabotadores" ucranianos.

A agência de notícias ucraniana Hromadske, citando fontes da inteligência militar do país, diz que o ataque foi realizado por dois grupos da oposição russa. Além da Legião da Liberdade da Rússia, participou do assalto o Corpo de Voluntários Russos (RVC), que também é formado por milicianos dissidentes.

<b>Avanço</b>

Após invadirem Kozinka, os guerrilheiros teriam marchado para a cidade vizinha de Grayvoron, também na região russa de Belgorod. Não ficou claro quantas pessoas morreram nos combates. Imagens do ataque, de um posto de fronteira, mostraram soldados da Rússia deitados em uma poça de sangue ao lado de passaportes russos e outros documentos espalhados pelo chão.

Os vídeos postados na internet também mostraram veículos blindados assumindo o controle do local. Até agora, nenhum grupo dissidente russo havia participado diretamente na guerra. "Somos tão russos quanto vocês", disse um comunicado divulgado ontem pela Legião da Liberdade da Rússia nas redes sociais. "A única diferença é que não querermos mais justificar as ações dos criminosos no poder e pegar em armas para defender a nossa e a sua liberdade. É hora de todos assumirem a responsabilidade pelo seu futuro. É hora de acabar com a ditadura do Kremlin."

<b>Bakhmut</b>

Em Moscou, o governo russo disse que Putin foi informado da incursão na fronteira e acredita que o ataque tenha sido planejado para "tirar a atenção" de Bakhmut, cidade ucraniana que a Rússia garante ter conquistado.

A Ucrânia afirmou nesta segunda, 22, que ainda controla partes da cidade, incluindo a área ao redor do que se tornou um marco da resistência: uma escultura destruída de um caça soviético MiG, de acordo com vários militares envolvidos na defesa do local. O comandante ucraniano Oleksandr Syrski fez uma visita surpresa à cidade e reconheceu que Kiev domina apenas uma "pequena parte" de Bakhmut, mas disse que o novo objetivo da Ucrânia é cercar os russos.

O <i>New York Times</i> publicou ontem imagens da cidade, feitas com drone, que mostram a destruição quase total de Bakhmut. A devastação é tanta que, segundo o jornal, desafia a noção de "vitória" na batalha mais longa e sangrenta da guerra até agora. "Não há mais nada em Bakhmut", afirmou o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, no domingo, 21, durante a cúpula do G-7 em Hiroshima, no Japão.

<b>Guerra</b>

Bakhmut, no nordeste da região de Donetsk, tinha 70 mil pessoas antes da guerra. Desde então, foi palco de intensos combates entre ucranianos e os mercenários russos do Grupo Wagner. A captura da cidade seria uma vitória rara para Moscou.

No sábado, 20, o chefe do Grupo Wagner, Yevgeni Prigozhin, afirmou que suas forças finalmente haviam dominado Bakhmut. Mas a vitória não aproxima necessariamente a Rússia de controlar Donetsk. Em vez disso, abre caminho para batalhas mais duras em direção a Sloviansk e Kostiantynivka, a cerca de 20 quilômetros de distância. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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