A proposta de reabertura econômica anunciada ontem pelo governador João Doria (PSDB) autoriza o início do processo de flexibilização em 583 das 645 cidades do Estado. Ficaram de fora as regiões do Vale do Ribeira, da Baixada Santista e a Grande São Paulo – com exceção da capital -, que ainda devem continuar com restrição total.
Regiões como as de Ribeirão Preto, Campinas, São José do Rio Preto e Sorocaba estão autorizadas a iniciar a fase 2 de reabertura, que permite o funcionamento de atividades como imobiliárias, comércio e shopping centers com algumas restrições. Já a Grande São Paulo foi classificada em fase 1, em que apenas fica permitida a atividade industrial e a construção civil. O governo estadual vinha sofrendo pressão de prefeitos pela reabertura econômica, ao mesmo tempo em que o número de infectados e óbitos avança no interior.
A proposta apresentada nesta quarta-feira desagradou até municípios que tiveram a primeira abertura autorizada. A prefeita de Sorocaba, Jaqueline Coutinho (sem partido), considerou injusta a colocação da cidade e vai pedir a passagem para a fase 3, que permite a abertura de bares e restaurantes e salões de beleza. Segundo ela, Sorocaba tem menos casos e mortes que todas as outras cidades com população entre 500 mil e 1 milhão de habitantes, à exceção de São José dos Campos.
"Faremos uma avaliação e, se os indicadores da saúde confirmarem o que acho, vamos pedir administrativamente e, se for o caso, recorrer à Justiça", disse. Com 828 casos e 41 mortes, a cidade de Sorocaba, com 679 mil habitantes, está na chamada fase 2 e, a partir de 1.º de junho, reabre 20% do comércio de rua, lojas de shoppings, imobiliárias e escritórios. O transporte coletivo terá a frota ampliada na mesma proporção.
A prefeita pretende mostrar que, embora a ocupação de leitos de UTI no sistema público esteja na faixa de 80%, em hospitais particulares, está em torno de 30%. "Sorocaba tem realidade diferente de outras cidades da região, mas fomos colocados na mesma seara."
De acordo com a gestora municipal, com o fechamento do comércio e serviços, a cidade perdeu, só em abril, R$ 42,3 milhões de arrecadação, uma redução de 33,6%. Em maio, a perda estimada passa de R$ 50 milhões. Já para o secretário municipal de saúde, Ademir Watanabe, a situação da pandemia está longe de ser tranquila. "O pior ainda está por vir."
<b>Grande SP</b>
A proposta de manter fechados os 39 municípios da Grande São Paulo, com exceção de capital, também foi alvo de críticas. O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), argumenta que foi adotado um critério que beneficia a reabertura da capital, mesmo que os índices de sua cidade estejam melhores.
No caso da capital, a decisão de Prefeitura e governo do Estado de incluir a cidade de São Paulo na lista de municípios que poderiam começar a retomada se deu por pressão da gestão Bruno Covas (PSDB), uma vez que as subprefeituras vinham relatando dificuldade de manter as restrições vigentes. O diagnóstico da equipe foi que a restrição ao comércio não se sustentaria por mais uma semana, e que algo precisaria ser feito: ou um endurecimento das medidas, com apoio do Estado (o lockdown), ou um processo de abertura controlado. A palavra "desobediência civil" passou a circular no WhatsApp dos gestores, ao falarem da manutenção da quarentena atual.
Os técnicos da Prefeitura notaram dificuldade em adotar as medidas que haviam determinado anteriormente para tentar aumentar o isolamento social. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>