O Indicador de Custos Industriais (ICI) teve uma alta de 10,7% em 2022 na comparação com 2021. O dado foi divulgado nesta quinta-feira (25) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os custos de produção e de capital, que compõem o indicador, tiveram elevação de 14,4% e 35,8%, respectivamente, impulsionando os custos totais da indústria brasileira para cima. Já o custo tributário teve queda de 13,0% no período.
Segundo o levantamento da CNI, os custos de produção foram afetados por acontecimentos internacionais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e consequente aumento nos preços de insumos e de commodities energéticas, principalmente nos dois primeiros trimestres de 2022. "Menos impactados pelos fatores externos, o terceiro e o quarto trimestres foram marcados pela influência de fatores internos no custo de produção, como o aumento dos custos com pessoal", diz a CNI.
Os dados mostram que o custo com energia cresceu 23% em 2022 na comparação com o ano anterior. Essa alta é resultado do aumento de todos os componentes do indicador: 35,1% para o óleo combustível; 58,4% para o gás natural, e 1,2% para a energia elétrica no período.
O custo com pessoal também subiu 11,8% no mesmo período de comparação. Segundo a CNI, "o resultado pode ser explicado pelo avanço do número de pessoas ocupadas e pela recuperação do rendimento médio, fatores que marcaram o mercado de trabalho em 2022".
Os custos de insumos importados, que tiveram alta de 15,2% em 2022, e bens intermediários nacionais (+14,4%), puxaram o aumento do custo com bens intermediários, de 14,5% no período. "Entre os fatores que explicam esses aumentos de custos estão a guerra na Ucrânia e a desorganização das cadeias produtivas no pós-covid", diz a CNI.
A alta elevada do custo de capital no ano passado, de 35,8%, reflete, de acordo com a entidade, o aumento da taxa Selic no ano, que passou de 9,25% em janeiro de 2022 para 13,75% a partir de agosto. Entre o terceiro e quarto trimestres do ano passado, o custo com capital ficou estável em patamar elevado devido à manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano. A CNI lembra que as taxas de juros têm sido apontadas como problema relevante para a indústria brasileira.
O recuo de 13,0% do custo tributário é explicado pelas desonerações ocorridas no ano passado, que se refletiram em queda nos pagamentos de impostos federais e estaduais frente ao PIB industrial.
A CNI destaca que o ICI e a maioria de seus componentes apresentaram queda no último trimestre de 2022, mas ainda não suficiente para reverter a alta acumulada nos últimos dois anos, de 26,3%.
<b>Competitividade e lucratividade</b>
A pesquisa divulgada nesta quinta também aponta que o índice de lucratividade da indústria teve aumento de 4,6% em 2022 em relação a 2021. Esse resultado é fruto da elevação de preços das mercadorias vendidas pela indústria de transformação (+15,8%) maior que o aumento dos custos da indústria no mesmo período, de 10,7%.
A indústria brasileira também ganhou competitividade no mercado doméstico. O índice que mede a competitividade teve incremento de 1,8%. Segundo a CNI, isso é decorrente de uma alta de preços dos bens importados superior aos custos da indústria brasileira no período.