O otimismo externo por conta das perspectivas de avanço nas negociações sobre o teto da dívida dos Estados Unidos estimula alta do Ibovespa nesta sexta-feira, indicando um segundo pregão seguido de ganhos. Além disso, sugere um fechamento semanal com valorização, após mostrar queda até ontem de 0,62%. Às 11h17 subia 0,74% na semana, o que seria a quinta elevação seguida no período.
A força das commodities impulsiona o Ibovespa – o petróleo tinha alta de quase 1% perto de 11 horas e o minério de ferro em Dalian, na China, avançou 3,69%, após quedas recentes. "A China está sendo uma decepção em termos de crescimento no pós-covid e ainda há relatos de novos casos, o que levanta preocupações quanto ao crescimento", avalia José Simão, sócio da Legend Investimentos.
Na Bolsa, os investidores ainda reverberam a expectativa de início de queda da Selic em agosto, após novos sinais de alívio da inflação doméstica. "Aqui, o fechamento da curva recentemente animou o mercado e teve ainda a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ontem. O IPCA-15 veio menor, com núcleos mais baixos", afirma o sócio da Legend. "Mas a luta no combate à inflação continua. Há muitos percalços pela frente", completa Simão.
Para o estrategista-chefe do Grupo Laatus, a alta do Ibovespa hoje é continuidade do movimento na véspera. "As expectativas melhoraram muito. Cada vez mais há motivos para o Banco Central cortar juros. A fala de Campos Neto de ontem foi dovish", afirma.
À <i>GloboNews</i>, o presidente do BC afirmou que a desinflação tem sido lenta, mas disse ver sinais positivos à frente. "Vemos algumas coisas clareando."
Conforme Laatus destaca, a expectativa de redução da Selic, que atualmente está em 13,75% ao ano, talvez já em agosto, beneficia ações ligadas ao consumo e a bancos, principalmente. "E Hoje tem a ajuda das commodities, que impulsionam Vale, Petrobras", diz.
Ontem, o principal indicador da Bolsa brasileira retomou a importante marca psicológica dos 110 mil pontos (110.054,38 pontos), fechando em alta de 1,15%. O principal motivo foram as crescentes expectativas de início de queda da Selic em agosto, após o IPCA-15 de maio, de 0,51%, abaixo da mediana projetada (0,65%) e perto do piso das previsões (0,48%).
Além do resultado do IPCA-15, a percepção de que o arcabouço fiscal terá uma tramitação rápida no Senado e as falas de Campos Neto ajudaram na visão de recuo do juro básico.
Nos EUA, há expectativa crescente de que um acordo para elevar o teto da dívida do país está mais próximo. Com isso, tem pouco efeito os novos dados fortes da economia americana informados mais cedo, sugerindo alta dos juros do país.
O PCE, indicador de inflação predileto do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) na tomada das suas decisões de política monetária, teve alta interanual de 4,4% em abril, enquanto o núcleo subiu 4,7% do núcleo, na mesma base comparação (previsão de 4,6%). Em tese, sugere um Fed mais duro, como indicou ontem o PIB americano. Já o índice de sentimento do consumidor dos EUA, medido pela Universidade de Michigan, caiu menos do que o esperado na leitura final de maio, a 59,2, dando força às bolsas.
Na agenda interna, destaque para o pior resultado da conta corrente para meses de abril desde 2019 e um IDP minguado, conforme o Banco Central.
Às 11h14, o Ibovespa subia 1,14%, 111.621,15 pontos, após elevação de 1,50%, na máxima aos 111.705,53 pontos. Vale avançava 3,05% e Petrobras subia em torno de 1,00%. Entre os grandes bancos, a alta máxima era de 1,30% (Bradesco PN). Já CVC ON tinha elevação de 4,48%, depois do recuo ontem.