Estadão

Indefinição externa impede alta do Ibovespa por valorização de commodities

A instabilidade das bolsas americanas e europeias na manhã desta segunda-feira, 5, atrapalha o Ibovespa de subir, influenciado pela valorização das commodities. Na sexta-feira, o Índice Bovespa fechou com alta de 1,48%, aos 113.240 pontos, e ganho semanal de 1,49%, marcando seis semanas seguidas de elevação.

"Não existe um grande driver. O foco fica na agenda de divulgações da semana", diz a economista-chefe do TC, Marianna Costa.

Segundo João Piccioni, analista da Empiricus Research, as notícias do fim de semana, de certa forma, deveriam ser positivas para a tomada de risco em países emergentes, após a Arábia Saudita decidir cortar sua produção de petróleo em mais 1 milhão de barris por dia de forma unilateral, em contraste com a postura da Opep+.

"E tem novos relatos de que a China poderá retomar estímulos, numa iniciativa para mostrar que está fazendo de tudo para a economia pegar no tranco. Isso empurra um pouco os investidores para a tomada de risco em commodity, mas temos uma manhã mais morna", avalia Piccioni.

Um dia antes da interrupção do pregão – na quinta-feira, por conta do feriado de Corpus Christi -, será divulgado o IPCA de maio, que pode referendar as projeções de alívio nos preços e consequentemente elevar as apostas de queda do juro básico.

Ao mesmo tempo, o mercado monitora o noticiário sobre o programa do governo para baratear os preços de carros populares, na tentativa de estimular a demanda. Há pouco, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o programa foi reformulado e deve contemplar também caminhões e ônibus.

Nesta segunda, a pesquisa Focus mostrou que a mediana das estimativas para o IPCA fechado em 2023 passou de 5,71% para 5,69% e saiu de 4,13% para 4,12% em 2024, enquanto a projeção para a taxa de juros permaneceu em 12,50% neste ano e também foi mantida para os demais anos.

"Há grande expectativa de como o BC reagirá a esse número, dada a proximidade da reunião do Copom. Apesar da estimativa de manutenção da Selic, há uma larga expectativa sobre uma possível mudança no tom dado pelo BC na avaliação que faz no balanço de risco, em particular à dinâmica futura de inflação", acrescenta a economista Marianna Costa.

No exterior, o petróleo desacelerou a alta para a casa de 1,00%, depois de subir mais de 2,50%, mais cedo. Já o minério de ferro subiu 2,15% em Dalian, em meio a crescentes relatos de adoção de novas medidas de estímulo à economia chinesa. As ações da Petrobras arrefeciam os ganhos a 0,92% (PN) e a 0,72% (ON), enquanto Vale passava a ceder (-0,09%), perto de 11 horas.

Para Ricardo Carneiro, especialista em commodities na WIT Invest, o corte na produção de petróleo pela Arábia Saudita eleva preocupações do lado da demanda, o que, a princípio pode elevar as expectativas de inflação. "Houve um processo de desinflação guiado pelas commodities, o que gerou uma onda de bom humor. Se houver reversão, pode começar a preocupar", avalia.

Nos Estados Unidos, saíram dados de atividade com resultados mostrando menor crescimento do que o esperado. Os investidores estão agora focados na trajetória dos juros após o acordo fechado sobre o teto da dívida do país. A indefinição também contamina as bolsas europeias, enquanto a Ásia foi influenciada positivamente pelo rali de Wall Street na sexta-feira.

Para o economista Álvaro Bandeira, há espaço para que o Ibovespa chegue aos 114.200 pontos quando, segundo ele, teria maior chance de ganhar consistência, mas pondera que alguns fracos resultados de PMI Composto na Europa é risco.

Além disso, Bandeira acrescenta em comentário matinal que é preciso avaliar o lado político, sobretudo em meio a sinais de ruídos entre o Congresso e o governo.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica e de Política Monetária da instituição, Diogo Guillen, proferem palestras nesta segunda-feira.

Às 11h10, o Ibovespa caía 0,26%, aos 112.270,80 pontos, na mínima, depois de subir 0,46%, aos 113.071,20 pontos.

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