Pela primeira vez, os cinco parques naturais paulistanos serão abertos ao público

Há cinco reservas ambientais dentro da cidade de São Paulo que, neste verão, pela primeira vez, ficarão abertas para a visitação do público, que poderá fazer trilhas pela mata e, com sorte, cruzar com bugios ruivos, preguiças e até veados-catingueiros que vivem nos últimos santuários de mata virgem da metrópole.

Essas reservas são parques naturais municipais, quatro deles no extremo sul do Município e um na zona leste, que até agora só podiam ser visitados com agendamento prévio e atraíam cerca de 50 visitantes por mês (na maioria de escoteiros, excursões de escolas e pesquisadores universitários).

A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente decidiu fazer, neste e no próximo mês, um projeto-piloto para abrir esses parques durante o dia, para cidadãos que queiram visitar as áreas sem ter de marcar horário. "Todos têm as trilhas como os principais atrativos", afirma a diretora da Divisão de Gestão de Unidades de Conservação da secretaria, Anita Correia de Souza Martins.

Os parques naturais são Unidades de Conservação (UCs), espaços com status idêntico ao das grandes reservas nacionais, mas sob responsabilidade da Prefeitura. Ao todo, somam mais de 2 mil hectares. São locais de preservação que passaram a ser estruturados, com casas de recepção, estacionamento e banheiros, com recursos vindos de medidas compensatórias de grandes obras de infraestrutura da cidade, como a construção do Rodoanel e do monotrilho da zona leste.

A legislação determina que essas áreas, que já existem como espaços de preservação há mais de duas décadas, tenham planos de manejo e uma integração com a cidade que só agora está saindo do papel. O projeto-piloto servirá para que a Prefeitura tenha ideia da demanda por acesso a essas áreas para, no futuro, estruturar uma abertura integral, como é a dos parques urbanos. "É imprescindível a população participar. Não adianta manter um lugar que ninguém vai", afirma Anita.

Ela destaca a facilidade de contato com a biodiversidade da região. Nos parques, há exemplares de embaúbas prateadas, cedros, palmitos-juçara e cambuci da Mata Atlântica. Ao longo dos últimos meses, essas árvores têm sido catalogadas para que o visitante possa identificá-las ao passar ao longo das trilhas.

O programa começa no dia 14, quando o Parque Natural Municipal Itaim será aberto. Ele fica na região de Parelheiros, em uma área que equivale a quase 500 campos de futebol. Na mesma semana, ocorre a abertura dos Parques Varginha, Bororé e Jaceguava, completando os quatro locais da zona sul. Os parques margeiam as Represas Billings e do Guarapiranga, que podem ser vistos nas trilhas. Durante o projeto-piloto, a cada dia da semana um dos parques fica disponível, e nos fins de semana todos abrem.

<b>Fevereiro</b>

No Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo, que fica na zona leste, próximo do já conhecido Parque do Carmo, a abertura começa em 4 de fevereiro. O local da zona leste fica encravado entre Itaquera e São Mateus, em uma área com 50 nascentes de rios que fazem parte do sistema que forma o Córrego Aricanduva.

Ali até o prédio da Administração se destaca. Trata-se de uma construção sustentável, como observa o arquiteto Lucas Lavecchia Gomes.

Seus administradores, até o momento, tinham ainda de se preocupar com perigos que vão de incêndios clandestinos a invasões de grupos religiosos, de evangélicos que buscam os montes para a realização de cultos a fiéis de religiões de matrizes africanas que procuram o parque para deixar oferendas diversas na mata.

Agora, se preparam para fazer os visitantes percorreram as trilhas, ocupadas por famílias de preguiças. "Temos trilhas de até 8 quilômetros, mas vamos começar com essa (a das preguiças), que as pessoas gostam mais", disse a gestora da unidade, Helen Evelin Souza. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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