Cidades

Com 60% mais idosos em 10 anos, Guarulhos discute violência contra os mais velhos

Em 2010, Guarulhos tinha 100 mil idosos, conforme dados do último Censo demográfico. Já a projeção feita para 2020 pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) aponta para 160 mil pessoas acima de 60 anos em Guarulhos. Diante de um público que não para de crescer, a violação dos direitos da pessoa idosa foi tema de uma palestra nesta segunda-feira no Centro de Integração da Cidadania (CIC) Pimentas, no Conjunto Marcos Freire.

Com o tema “É dever de todos prevenir a ameaça ou a violação dos direitos dos idosos”, a iniciativa da Prefeitura de Guarulhos aconteceu em alusão ao Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa (15 de junho) e ao Junho Violeta, o mês dedicado à conscientização sobre a violência contra a pessoa com mais de 60 anos.

“É importante falarmos sobre o assunto para mostrar à população os direitos dos idosos, prevenir e combater a violação de garantias previstas pelo Estatuto do Idoso”, afirmou o gestor da Subsecretaria de Políticas para o Idoso (SPI), Walid Shuqair.

O responsável pela pasta apresentou projetos voltados à melhor idade, como o programa Envelhecimento Ativo, que já implantou mais de 20 polos da Academia na Praça 60+, o GRU 60 + (rodas de conversa, palestras de formação de condutores do transporte coletivo para o atendimento com atenção, cuidado e respeito à pessoa idosa) e o Estudioso, que disponibiliza escolarização por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Centro de Convivência do Idoso (CCI) em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social.

No primeiro trimestre de 2021 foram registrados 1.200 casos de vítimas idosas no município, conforme o Mapa da Violência contra a Pessoa Idosa. “Os mais velhos são mais vulneráveis e há muitos casos não registrados em delegacias. Violência não é apenas agressão física, mas violação de direitos. A maioria dos registros feitos foi de estelionato, seguido de furto e ameaça”, completou o subsecretário.

Para a psicóloga especialista em estimulação cognitiva para pessoas idosas, Zina Costa, que é fundadora do Acolher Instituto e membro do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa (CMDPI), o cuidado com o idoso tem que começar em casa e, apesar de o Estatuto do Idoso ter sido escrito há 20 anos, ele ainda é desconhecido pela população. “O conhecimento a respeito dos direitos da pessoa idosa é o primeiro passo para a prevenção de sua violação. Muitos acham que as decisões sobre esse segmento são de ordem familiar, mas a legislação já garante condutas que protegem o idoso, como o artigo 229 da Constituição Federal, adotado pelo Estatuto do Idoso, que indica ser dever dos filhos maiores zelarem pelos pais”, afirmou a psicóloga.

Moradora do Jardim Maria de Lourdes, Luciene Macedo de Figueiredo, de 69 anos, participou da discussão. “Achei a palestra muito boa porque eu não sabia muitas coisas sobre direitos do idoso e que muitas vezes os filhos podem cometer violência quando isolam a pessoa do convívio social e não a deixam sair”, contou Luciene, que tem três filhos e quatro netos.

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