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Jota Júnior, ex-narrador da Globo, processa emissora em R$ 15 milhões após demissão

Jota Júnior, ex-narrador da Globo, entrou com processo no último mês contra a emissora, pedindo o reconhecimento de seus direitos trabalhistas ao longo dos 24 anos que trabalhou no grupo. Demitido no último mês de março, o profissional continua sem trabalhar e pede cerca de R$ 15,8 milhões em compensações financeiras por adicional noturno, hora extra e acúmulo de função no período. Ao longo dessas duas décadas, Jota trabalhou como Pessoa Jurídica (PJ), sem carteira assinada. A Globo não quis comentar o processo movido pelo ex-funcionário.

O processo corre no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), na 82ª Vara do Trabalho de São Paulo. A informação foi inicialmente divulgada pelo portal Notícias da TV e confirmada pela reportagem do <b>Estadão</b>. O narrador iniciou o processo em maio, cerca de dois meses após ser demitido pela emissora, e a audiência está marcada para o próximo dia 7 de julho.

Jota Júnior e sua defesa, liderada pelos advogados Christiam Mohr Funes e Alessandro José Silva Lodi, entendem que, ao longo das duas décadas que o narrador trabalhou no grupo, houve vínculo empregatício. O narrador também sofreu uma redução salarial em seus últimos anos na emissora, em um período que o grupo passou a regularizar a situação de seus funcionários segundo a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

"Ele trabalhou 24 anos na Globo, sendo que 20 destes foram sem carteira assinada, fazendo a emissão de nota fiscal. Como a atividade dele sempre foi a mesma, tanto do período sem registro quanto o registrado, estamos pedindo na Justiça que seja reconhecido todo este período como empregado. Até porque isso impacta para fins de aposentadoria", afirmou Lodi, ao <b>Estadão</b>.

"Quando ele (Jota Júnior) foi registrado, diminuíram em 25% o salário dele, o que é proibido pela Constituição Federal. Também estamos pedindo uma equiparação de salário em virtude de outros narradores ganharem mais do que ele. A Globo não tem um plano de cargo de salário e o Jota sempre foi colocado como um dos melhores narradores do canal", ressalta a defesa.

"Só trabalhamos com a verdade no processo. Estamos 100% confiantes. O Jota é uma pessoa diferenciada e não colocamos nada no processo que não seja verdade ou possível juridicamente." Em nota enviada ao <b>Estadão</b>, a Globo optou por não comentar sobre a ação, que tem uma política de não se posicionar casos sub judice.

O locutor estava na emissora desde 1999 e completaria 24 anos de casa neste mês de março, quando foi demitido. "No mês em que completo 24 anos de casa, estou deixando o SporTV. Acabo de ser comunicado. Pouco a dizer, mas agradecer a todos que me acompanharam em meus trabalhos. As páginas da vida vão sendo viradas e novos capítulos estão sempre a nossa disposição. Que outros desafios apareçam, pois para a frente é que se anda", escreveu o narrador em sua página na rede.

Nos últimos anos, Jota Júnior deixou de ser escalado para os principais jogos dos torneios transmitidos pelo SporTV, o canal de esporte fechado da Rede Globo. O locutor de 74 anos passou a narrar duelos da Série B do Campeonato Brasileiro e partidas menos relevantes do Paulistão. Desde então, o profissional está livre no mercado.

Além da Globo, trabalhou ainda em rádios de Americana e Campinas antes de migrar para a capital paulista, onde fez sucesso na Rádio Gazeta. O bom trabalho o levou para a Rádio Bandeirantes, emissora em que marcou seu nome e pela qual ganhou a primeira oportunidade de migrar para a TV. Na Band, narrou as Copas do Mundo de 1986, 1990, 1994 e 1998.

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