O tom negativo externo, em meio a renovados temores de recessão global, com mínimas dos Treasuries e queda do dólar, instiga nesta segunda-feira, 26, leve queda das principais taxas futuras de juros no Brasil. Na sexta-feira, sob o mesmo argumento e ainda diante de estimativas de que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que sai na terça-feira e adote uma linha <i>dovish</i>, houve recuo nos vértices.
Segundo Laís Costa, analista da Empiricus Research, o mercado vai esperar principalmente a ata do Copom e o IPCA-15 de junho. "Existe a expectativa de que a ata amenize o tom do comunicado do Copom da semana passada que não indicou quando a Selic começará a cair e isso pode fazer preço. Já o IPCA-15 é o dado mais importante até a próxima reunião de política monetária do Banco Central agosto", avalia.
No exterior, os temores de recessão mundial se renovam após o rebaixamento pela S&P GLobal da previsão de crescimento do PIB da China para 5,2% em 2023, após dados de atividade econômica fracos, altas de juros na Europa e novos sinais de elevações pelo Fed. Na Alemanha, o índice IFO de sentimento das empresas da Alemanha caiu a 88,5 em junho, ficando abaixo do esperado.
Lá fora também a agenda é discreta. Aqui, além da ata do Copom e do IPCA-15 existe grande expectativa pela divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e da decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), ambos na quinta-feira. Neste último caso, há dúvidas se o CMN manterá a meta de inflação para 2026 em 3,00%.
Na avaliação de Laís, da Empiricus, como o debate sobre a meta já acontece há alguns meses, pode ser que não faça tanta movimentação no mercado. "Mesmo se mudarem para 3,5%, não será ruim. E quanto ao RTI, o mercado vai olhar se haverá sinal ou mesmo revisão do juro neutro. Muitos esperam que faça ajuste para cima", completa a analista da Empiricus.
Mais cedo, saiu o boletim Focus, mostrando que a mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,12% para 5,06% (2023), saiu de 4,00% para 3,98% (2024) e seguiu em 3,80% (2025) e foi a 3,72% para 2026 (ante 3,80%). "Não trouxeram grandes surpresas", diz Laís.
Quanto à Selic, as estimativas foram mantidas em todos os intervalos, com a deste ano seguindo em 12,25%, após o Copom manter a taxa em 13,75% ao ano na semana passada.
Os dados tendem a corroborar as expectativas de desaceleração do IPCA-15 de junho, que será informado amanhã, o que pode elevar a aposta de início de queda da Selic em breve, sobretudo após o tom menos <i>"dovish"</i> do comunicado do Copom na semana passada, quando o juro básico foi mantido em 13,75% ao ano. O mercado estima um conteúdo menos duro, no sentido de indicar quando o juro básico começará a cair, se em agosto ou em setembro.
"O tom da comunicação do Copom não indica uma queda iminente de juros, mas a evolução do cenário até a próxima reunião pode abrir espaço para o início do corte, com continuidade da desaceleração da inflação e das expectativas. Assim, mantemos nossa visão de que o primeiro corte deve acontecer entre agosto e setembro", citou em nota o Bradesco, após a decisão do Copom.
Também nesta segunda-feira, o Banco Central informou que o saldo em conta corrente ficou superavitário em US$ 649 milhões em maio, com o IDP alcançando US$ 5,380 bilhões.
Às 10h17, o contrato de deposito para janeiro de 2024 era negociado em 12,995%, na mínima, após 13,012% no ajuste na sexta-feira. O DI para janeiro de 2025 exibia 10,98%, ante 11,01% no ajuste passado, enquanto o DI para janeiro de 2027 mostrava 10,36% (de 10,38% no ajuste na 6ª).