Um palestino feriu nove pessoas em um atentado em Tel-Aviv nesta terça-feira, 4, aumentando os temores de um ciclo de violência no segundo dia da maior operação militar de Israel na Cisjordânia em 20 anos. O agressor, que aparentemente agiu sozinho, esfaqueou dois após atropelar um grupo de israelenses em um ponto de ônibus. Segundo a polícia, ele foi morto a tiros por um civil armado.
O ataque coincidiu com o segundo dia da incursão do Exército israelense na cidade de Jenin, na Cisjordânia, que deixou 12 palestinos mortos e 100 feridos. Ontem, um soldado israelense morreu nos confrontos. Do lado palestino, entre os mortos, quatro tinham menos de 18 anos. Cerca de 3 mil dos 17 mil moradores do campo de refugiados de Jenin fugiram para se abrigar em escolas, prédios públicos ou com famílias em outros lugares.
<b>Ataque</b>
Ontem, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, garantiu que seus soldados estavam de retirada da Cisjordânia. Os palestinos, no entanto, alertaram em redes de comunicação interna, que o anúncio do fim da operação seria uma armadilha para capturar os militantes que saíssem de esconderijos.
O Hamas identificou ontem o agressor de Tel-Aviv como Abdel Khalayleh, de um vilarejo perto de Hebron, na Cisjordânia. Ele entrou em Israel com uma autorização médica, porque estaria com uma doença terminal. Uma grávida ferida no ataque perdeu seu bebê, segundo a TV israelense.
O Hamas disse que Khalayleh era um de seus membros e o ataque era uma resposta à "ocupação de Jenin". O grupo, no entanto, não assumiu a responsabilidade direta pelo atentado de Tel-Aviv. Outro grupo militante, a Jihad Islâmica, também elogiou a ação.
A operação militar em Jenin e o atentado em Tel-Aviv aumentaram a sensação de incerteza e tensão na região, depois que o governo mais direitista da história de Israel assumiu o poder há seis meses. Os líderes da coalizão prometeram expandir os assentamentos em território ocupado e reprimir a violência na Cisjordânia.
<b>Queda</b>
A Autoridade Palestina (AP) é responsável pela segurança da cidade de Jenin desde que os Acordos de Oslo foram costurados, em 1993. Contudo, a cidade é controlada por grupos militantes e, cada vez mais, os líderes da AP vêm perdendo poder dentro do território.
Além de bastião de radicais, Jenin abriga novas milícias armadas que surgiram e não respondem às organizações estabelecidas. A área é fonte de dezenas de ataques a tiros contra israelenses, de acordo Israel.
Oficiais israelenses disseram que a última incursão militar não teve a intenção de conquistar ou manter território em Jenin. Hussein al-Sheikh, alto funcionário da AP, pediu à comunidade internacional, incluindo os EUA, "para intervir imediatamente", alertando sobre deslocamento de um grande número de moradores. A AP anunciou que estava cessando todo contato com Israel, incluindo a cooperação em segurança.
Um dia depois que Israel lançou a operação, que começou com um raro bombardeio aéreo, cerca de mil soldados foram deslocados para revistar cada palmo do campo de refugiados, encontrar esconderijos e confiscar armas, artefatos explosivos e outros equipamentos militares, de acordo com o Exército israelense.
Embora tiros e explosões ainda pudessem ser ouvidos ocasionalmente ontem, a situação no campo de refugiados estava mais tranquila, segundo o vice-governador de Jenin, Kamal Abu al-Rub. Segundo ele, porém, ainda não havia eletricidade nem água corrente no campo por causa da destruição causada pela operação. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>