Estadão

Haddad diz que debate é de Estado, e não de partidos

Após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ter enfrentado críticas de bolsonaristas pela postura nas negociações da reforma tributária, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que o debate sobre a proposta não é um "fla-flu" e defendeu uma "despartidarização e despolarização" do assunto, classificado por ele como sendo "de Estado, e não de partidos".

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a dizer que ficou chateado pelo apoio do aliado ao texto da reforma, feito após o encontro entre Tarcísio e Haddad no Ministério da Fazenda (mais informações nesta página). "Quando o governador vem aqui e defende a reforma, não está defendendo um partido, um governo, mas o que o País está pedindo", disse Haddad. "Não estamos discutindo política miúda", respondeu Haddad.

<b>Elogios</b>

Além dos elogios de Haddad, o governador de São Paulo recebeu apoio também do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pelo papel conciliador.

O recuo de Tarcísio sobre Conselho Federativo, crucial para destravar a discussão, é atribuído a uma insatisfação do governador com o próprio secretário da Fazenda de São Paulo, Samuel Kinoshita, apurou o <i>Estadão/Broadcast</i>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Pessoas ouvidas pela reportagem relataram que o governador ficou em uma "bolha" paulista ao ouvir apenas Kinoshita e técnicos da equipe da Fazenda contrários a um modelo de arrecadação centralizada. A proposta do Estado previa uma câmara de compensação para operações interestaduais para substituir o Conselho Federativo, que fará a gestão do novo imposto que vai unificar o ICMS (estadual) e o ISS (municipal).

Quando chegou a Brasília e ampliou o diálogo com técnicos da equipe econômica e outros governadores, Tarcísio teria compreendido a dificuldade de operacionalização de sua proposta. A reportagem colheu relatos de que ele teria dito que foi colocado em uma "furada" ao ser orientado a se posicionar contra a arrecadação centralizada, em um movimento que o indispôs com outros governadores. Isso teria intensificado a insatisfação de Tarcísio com Kinoshita e equipe.

Tarcísio passou a amenizar o discurso público após reunião com os governadores do Sul, Sudeste e Mato Grosso do Sul, na terça-feira. Naquele dia, antes mesmo do encontro, chefes de Executivo já vinham mandando recados. Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo, por exemplo, falou sobre a inviabilidade de se atender integralmente os pleitos de um Estado. (COLABORARAM GIORDANNA NEVES, CÉLIA FROUFE e BRUNO LUIZ)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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