O Festival de Inverno de Campos do Jordão 2023 foi aberto no início do mês e, ao todo, serão mais de 60 apresentações, todas gratuitas. A programação pedagógica do festival, que nos últimos anos tem sido realizada em São Paulo, quase voltou este ano para a cidade na Serra da Mantiqueira – mas de última hora ficou mesmo na capital: em Campos, serão realizados apenas concertos de artistas e grupos convidados. Mas alguns deles também vão se apresentar na Sala São Paulo.
A programação tem presenças de destaque, como a do Quarteto Brodsky, assim como a visita de grupos de outras cidades do País, permitindo assim o contato com o que vem sendo produzido Brasil afora. A entrada é gratuita e os ingressos podem ser obtidos no site
https://festivalcamposdojordao.byinti.com/#/ticket/ a partir de 5 dias antes do concerto.
A música russa é protagonista, com peças de Igor Stravinski, Dimitri Shostakovich e Sergei Rachmaninov. O Estadão preparou uma seleção de concertos que vão ocorrer na capital paulista – e valem a visita à Sala São Paulo.
<b>Orquestra Filarmônica de Minas Gerais (8/7)</b>
O maestro Fabio Mechetti traz a São Paulo os músicos da filarmônica, que completa 15 anos em 2023. O programa, neste sábado, 8, às 20h30, tem como destaque a Sinfonia n.º 3 de Rachmaninov. O autor é um dos pilares da temporada atual da orquestra, que está celebrando o compositor com ciclos completos dos concertos para piano e das sinfonias. Entre elas, a segunda talvez seja a que mais tenha caído no gosto do público. Mas a Sinfonia n.º 3 reserva momentos interessantes, em uma linguagem mais econômica que a das duas anteriores. A apresentação também tem o Concerto para Violoncelo n.º 1 de Saint-Saëns, com Viktor Uzur.
<b>Wagner e Shostakovich (9/7)</b>
A soprano Eliane Coelho também vai participar do primeiro programa que a Orquestra do Festival, formada por alunos, vai apresentar. Será neste domingo, 9, às 11 horas, e, desta vez, com ópera. Mais precisamente Prelúdio e Morte de Amor de Isolda, da ópera Tristão e Isolda, de Richard Wagner. O repertório da apresentação, a ser regida por Henrik Schaefer, tem ainda a Sinfonia n.º 10, de Dmitri Shostakovich. A peça é inspirada nos anos de Josef Stalin no poder.
<b>Orquestra Filarmônica de Goiás (16/7)</b>
A passagem por São Paulo é uma boa oportunidade para conhecer o grupo goiano, dirigido pelo maestro inglês Neil Thomson. O projeto tem realizado um trabalho fundamental de divulgação da música brasileira. E está em meio à gravação das sinfonias de Claudio Santoro, de quem vão tocar na Sala São Paulo, no dia 16, às 18 horas, o Concerto para Violoncelo e Orquestra, que tem um atrativo extra: a presença, como solista, da jovem violoncelista brasileira Marina Martins, hoje estudando na Europa. A apresentação terá ainda obras de Edino Krieger, Camargo Guarnieri e Radamés Gnatalli.
<b>Quarteto Brodsky (a partir de 18/7)</b>
A crítica norte-americana Wendy Lesser, escrevendo sobre o Quarteto n.º 11 de Shostakovich, afirma que a peça "é como as ruínas de uma casa um dia alegre, um memorial em decomposição da felicidade perdida". É uma imagem forte, como são fortes os 15 quartetos de cordas do compositor, que serão apresentados em São Paulo e em Campos (para assistir a todas as peças, será preciso pegar a estrada: cada cidade ficou com uma parte das obras). A interpretação será do Quarteto Brodsky, cuja gravação do ciclo, de 2016, segue como referência.
<b>Hélices, Buzinas e Campainhas (23/7)</b>
O Grupo de Percussão do Festival vai apresentar no dia 23, às 11 horas, duas peças escritas na década de 1920. A primeira delas é Les Noces (As Bodas), de Igor Stravinsky. A segunda, Ballet Mecánique, de Georg Antheil, é a partitura mais conhecida do autor, seja pela associação ao filme mudo de mesmo nome, do cineasta Fernand Léger, seja pelos instrumentos que exige: quatro pianos e uma ampla percussão, da qual fazem parte campainhas eletrônicas, buzinas de carro e até hélices. O concerto será regido por Ricardo Bologna e é oportunidade de conferir a versatilidade do Coral Paulistano, comandado pela maestrina Maíra Ferreira.
<b>A Sinfonia de Tár (29/7)</b>
O segundo e último programa da Orquestra do Festival, no dia 29, às 16h30, tem como destaque a Sinfonia n.º 5 de Mahler – a mesma que perpassa a trajetória de sucesso e decadência da maestrina Lydia Tár, interpretada no cinema por Cate Blanchett. A regência aqui será da indonésia Rebecca Tong, vencedora, em 2020, da primeira edição do concurso La Maestra, realizado na França. A peça será antecedida por Eu Engulo Nuvens, do jovem brasileiro Rafael Arcaro, que vive na Inglaterra.
<b>Camerata Antiqua (29/7) </b>
A programação inclui a presença da Camerata Antiqua de Curitiba, que completa 50 anos em 2024 – e foi pioneira no resgate e interpretação da música antiga. A música do século 18 continua como sua especialidade. Em São Paulo, no dia 29, às 20h30, o grupo apresenta o oratório Joshua, de Händel. A regência é de Ricardo Kanji.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>