O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se reuniu no dia 29 no Kremlin com o chefe do Grupo Wagner, Yevgueni Prigozhin, cinco dias após sua rebelião armada, segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira, 10, pela presidência russa.
Na reunião de quase três horas, com todos os comandantes rebeldes, segundo o Kremlin, Putin analisou as atividades dos mercenários na frente ucraniana e o motim no dia 24, quando Prigozhin ordenou que suas tropas marchassem até Moscou. "O presidente ouviu as explicações dos comandantes do grupo e propôs alternativas para o futuro", afirma o comunicado.
Peskov não disse onde a reunião aconteceu, nem que tipo de acordo foi discutido entre os dois. Ninguém sabe onde está Prigozhin, que até agora não mencionou um encontro com Putin. Se a conversa tiver realmente ocorrido, será o primeiro contato conhecido entre os dois homens desde a revolta dos mercenários, que representou o desafio mais dramático à autoridade de Putin em suas mais de duas décadas no poder. O relato do Kremlin, porém, deixa uma série de perguntas sem resposta sobre o futuro do Grupo Wagner.
O fato de mercenários do Grupo Wagner terem participado de uma reunião com o presidente russo, mesmo depois que Putin os denunciou como traidores em rede nacional e jurou esmagar o motim, demonstra o poder que Prigozhin acumulou no campo de batalha.
De acordo com observadores, o fato de o governo russo fazer questão de divulgar um encontro entre os dois por sugerir que o Kremlin, pelo menos por enquanto, vê os mercenários como uma ameaça a ser mantida dentro do controle do regime, em vez de marginalizada como uma oposição armada.
No entanto, Putin caminha por uma linha tênue e perigosa. Qualquer indulgência demonstrada a Prigozhin e seus mercenários poderia ser considerada um sinal de fraqueza e encarada com desprezo pelo Ministério da Defesa, cuja liderança foi alvo direto da revolta armada.
<b>Versões</b>
O Kremlin já mudou várias vezes sua versão sobre acontecimentos. Em 29 de junho, dia da suposta reunião entre Putin e Prigozhin, Peskov disse a repórteres que não sabia onde estava o chefe mercenário. Na semana seguinte, em 6 de julho, o porta-voz afirmou que o governo não tinha "capacidade nem desejo" de rastrear os movimentos do líder do Grupo Wagner. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>