Os juros futuros fecharam em baixa, em meio ao recuo das curvas no exterior e à expectativa pelo início do ciclo de desaperto monetário no Brasil. Num dia sem catalisadores para os negócios, o mercado continuou em busca dos prêmios acumulados após a alta das taxas no fim da semana passada, diante da certeza de que a Selic começará a ser reduzida no próximo Copom, seja em 0,25 ponto porcentual seja em 0,50 ponto. No exterior, a agenda não foi tão forte, mas dados de atividade abaixo do esperado nos Estados Unidos reforçaram a percepção de que o processo de contração monetária está terminando.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,760%, de 12,788% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caía de 10,79% para 10,73%. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 10,15%, de 10,24%, e a do DI para janeiro de 2029 tinha taxa de 10,51%, de 10,55%.
Diante da agenda esvaziada de indicadores e noticiário reduzido, a curva seguiu o que é considerado seu curso "natural", de baixa, reforçado pelo viés externo também de queda nas taxas dos Treasuries e dos bônus na Europa. A produção industrial americana recuou 0,5% em junho, ante consenso de estabilidade, e as vendas do varejo, também de junho, avançaram 0,2%, menos do que o previsto (+0,6%). Na Europa, o dirigente do Banco Central Europeu (BCE) Klaas Knot disse que altas de juros pelo BCE além de julho são "uma possibilidade" e não uma certeza.
Internamente, com o Congresso em recesso e a agenda limitada de indicadores na semana, o mercado busca inspiração nas apostas para a Selic para a montagem de posições vendidas. "A cada dia que passa o corte vai ficando mais próximo e o mercado vai operando hoje em cima disso", resume o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz.
A não ser em caso de algo inesperado, o quadro de apostas deve seguir dividido entre redução de 0,25 e 0,50 ponto até pelo menos a divulgação do IPCA-15 de julho na próxima semana, vista como o próximo evento com potencial de definir o cenário das expectativas, uma vez que as medianas de inflação no Boletim Focus pouco têm se mexido.
A notícia de que o governo recuou e vai mandar ao Congresso a reforma tributária ligada à renda somente no fim do ano, após a conclusão da etapa de alterações nos impostos sobre o consumo, foi bem recebida. A leitura é de que, desse modo, não compromete a evolução da primeira fase, que já está no Senado, facilitando a sua aprovação.