O dólar à vista recuou 0,48% em relação ao real nesta quarta-feira, 19, a R$ 4,7857, contrariando a valorização global da divisa americana. Operadores atribuem o movimento a um fluxo positivo, em meio ao fortalecimento de commodities agrícolas. Como resultado do movimento, a moeda americana zerou os ganhos em relação à brasileira na semana e no mês, e passa a cair 0,19% e 0,08%, respectivamente.
Em meio à baixa liquidez da sessão, a moeda americana oscilou pouco mais de quatro centavos entre a mínima, de R$ 4,7822 (-0,55%), e a máxima, de R$ 4,8224 (+0,28%). Termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para agosto movimentou pouco mais de US$ 9 bilhões – 25% a menos do que a média das últimas trinta quartas-feiras -, e, às 17h20, cedia 0,62%, a R$ 4,7950.
Profissionais do mercado atribuem parte da valorização do real na sessão ao desempenho das commodities agrícolas, que avançaram em bloco após o fim do acordo do Mar Negro, que permitia exportações da Ucrânia durante a guerra, e ataques russos a portos no país. Assim, apesar de quedas moderadas do petróleo Brent (-0,21%) e WTI (-0,49%), soja (+0,97%), milho (+3,46%) e óleo (+2,78%) avançaram na Bolsa de Chicago.
"O que está beneficiando a nossa moeda é a questão das commodities, que dispararam depois do ataque da Rússia aos portos da Ucrânia. O dólar subiu lá fora e tentou subir aqui, mas acabou se segurando nesse nível, abaixo de R$ 4,80", afirma o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha.
No exterior, o índice DXY retomou o nível dos 100 pontos, em alta de 0,33%, a 100,268, após dados de inflação da zona do euro e no Reino Unido pressionarem as moedas locais. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do Reino Unido desacelerou de 8,7% em maio para 7,9% em junho, abaixo do consenso do mercado (8,1%), e o CPI da zona do euro passou de 6,1% para 5,5% no período, em linha com as expectativas.
O fluxo cambial para o Brasil foi positivo em US$ 3,876 bilhões em julho, até o dia 14, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Banco Central. O canal financeiro teve entrada líquida de US$ 1,253 bilhão e o comércio exterior teve fluxo positivo de US$ 2,623 bilhões. No ano, o fluxo cambial é positivo em US$ 18,892 bilhões, com saída de US$ 12,777 bilhões pelo canal financeiro e entrada de US$ 31,669 bilhões pelo canal comercial.