O dólar avançou nesta quinta-feira, 20, ante rivais, fortalecido por dados sinalizando robustez do mercado de trabalho nos Estados Unidos, o que tende a ampliar expectativas de aperto monetário do Federal Reserve (Fed). Na contramão, euro e libra foram pressionadas após dados indicando desaceleração forte na inflação ao produtor (PPI, em inglês) da Alemanha. Entre emergentes, o dólar também avançou sobre lira turca e rand sul-africano, seguindo decisões de bancos centrais.
Por volta das 17h (de Brasília), o dólar subia a 140,08 ienes e a libra tinha queda a US$ 1,2868. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis rivais fortes,fechou em alta de 0,60%, a 100,880 pontos. Para o ING, o DXY pode atingir nível de 101 pontos novamente até amanhã e finalizar a semana neste nível.
O dólar começou esta sessão sem direção única, depois de registrar forte avanço ontem na esteira da desaceleração da inflação ao consumidor (CPI, em inglês) no Reino Unido e na zona do euro. Hoje, a desaceleração forte no PPI da Alemanha a 0,1% em junho, menor nível registrado desde 2020, voltou a pressionar moedas europeias, renovando fôlego da divisa americana.
Este impulso foi ampliado com a divulgação dos pedidos semanais de auxílio-desemprego americanas, abaixo do esperado pelo mercado, e das vendas de moradias nos Estados Unidos, que, apesar de fracas, sinalizam que a falta de casas em estoque está "impedindo um ajuste para baixo nos preços", segundo a Pantheon.
O cenário completo ampliou a inclinação do mercado por expectativas de aperto monetário do Federal Reserve (Fed) até o final do ano. Na visão do Rabobank, era a perspectiva de diferenciais nos juros entres o BC americano e o Banco Central Europeu (BCE) que vinha sustentando a valorização do euro desde o início do ano, o que deve mudar em breve. "Enquanto o núcleo da inflação continua persistente na zona do euro, já há muitos sinais de fraqueza em outras partes da economia. Nos próximos meses, é muito provável que o BCE também atinja sua taxa de juros máxima, e isso provavelmente prejudicará a atração do euro", avalia o banco.
Já o Bank of America (BofA) acredita que as vendas do dólar devem "começar" de fato no terceiro trimestre, embora mantenha inalteradas suas perspectivas para moedas do G10. "Em particular, continuamos à procura de uma previsão de EUR-USD para o final do ano de 1,05, enquanto também procuramos um abrandamento do dólar a longo prazo", pontua. No horário citado, o euro recuava a US$ 1,1134.
Entre emergentes, a lira turca operou durante boa parte do pregão enfraquecida contra o dólar, após o Banco Central da Turquia elevar os juros em 2,5%, a 17,5% ao ano. Conforme análise da Capital Economics, o aumento é insuficiente pra apoiar a moeda e deixa claro que a mudança na postura da política monetária do BC pode criar riscos para uma pressão de queda muito maior sobre a lira. Para a consultoria, ainda é provável que a autoridade monetária eleve os juros até um pico de 25%-30%, mas "o espaço para erros está se tornando cada vez menor". No horário citado, o dólar recuava a 26,7342 liras turcas.
O dólar também ganhou fôlego sobre o rand sul-africano, depois do BC da África do Sul manter os juros em 8,25% ao ano. No horário citado o dólar subia a 17,9373 rands sul-africanos.
O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, em inglês) concluiu que a desvalorização da moeda é uma política cambial que deve ser avaliada como "parte da solução" para desafios macroeconômicos, ao invés de "um problema a ser evitado", utilizando como base um estudo de 51 choques de depreciação relevantes desde 1990. "O número de choques assimétricos, como as mudanças climáticas, que atingirão duramente a África subsaariana e outros países de baixa renda, além do risco geopolítico elevado, são razões para trazer de volta as desvalorizações cambiais nos círculos políticos", diz o IIF em relatório.