O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, minimizou os riscos para a economia dos entraves nas negociações sobre o futuro das relações entre o Reino Unido e a União Europeia. Para ele, a covid-19 ainda é foco de incertezas muito maiores. "Estamos acompanhando de perto os desdobramentos do Brexit", garantiu, durante audiência virtual no Parlamento.
Bailey elogiou o programa do governo britânico voltado para a retenção de postos de trabalho. "Uma das razões para que consideremos que haverá uma recuperação mais rápida do que em uma recessão normal é que acreditamos que o programa permitirá que as pessoas voltem ao trabalho mais rapidamente", disse.
Segundo o dirigente, o BoE não suspendeu a meta de 2% para a inflação, apesar da crise provocada pelo coronavírus. "Não estou preocupado com o tipo pernicioso de deflação, que é a deflação da dívida. Mas isso exige, obviamente, que alvejemos a política monetária que retome a inflação à meta", destacou.
Em relação à resiliência do sistema de crédito, Bailey assegurou que os bancos estão preparados para continuar emprestando a famílias e empresas, embora ele enxergue que o apoio a pequenas corporações tem ocorrido de forma mais lenta. Na avaliação dele, a instituições financeiras devem cortar o pagamento de dividendos, para preservar capital.
O líder do BoE repetiu ainda que não descarta a possibilidade de implementar juros negativos, mas explicou que isso vai depender de uma avaliação de como a medida poderá impactar o sistema financeiro. "Estamos estudando a experiência de outros bancos centrais", revelou.