O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de "canalha" o suspeito de hostilizar o ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no aeroporto em Roma, na Itália. Durante cerimônia de posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC neste domingo, 23, o petista voltou a defender que o bolsonarismo não foi derrotado.
"Vocês têm que estar preparados porque nós derrotamos o Bolsonaro, mas não derrotamos os bolsonarista ainda. Os malucos estão na rua, ofendendo pessoas, xingando pessoas como aconteceu esses dias com Alexandre de Moraes, no aeroporto de Roma, que um canalha não só ofendeu ele, como bateu no filho dele", disse.
Moraes foi hostilizado na última sexta-feira, 14, por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma, na Itália; o filho do magistrado teria sido agredido durante a confusão. Os agressores foram identificados pela Polícia Federal e já prestaram depoimento.
O petista ainda defendeu uma harmonia entre aqueles que não possuem uma mesma opinião política. "Nós vamos dizer para eles que a gente quer fazer com que esse país volte a ser civilizado. As pessoas não tem que se gostar. Tem apenas que se respeitar. Isso é democracia", disse
Nesta sexta-feira, 21, o governo lançou o "Pacote da Democracia", conjunto de leis que aumentam a punição para crimes envolvendo membros políticos do Legislativo, Judiciário e Executivo. Uma das ideias propostas defende 40 anos de prisão para aqueles que atentarem como o Estado Democrático de Direito.
Enquanto o presidente era aguardado, os organizadores do evento puxaram, em diversos momentos, os gritos de "Olé, olé, olé, olá, Lula, Lula." O público cantou e fez o "L". Em um momento, os apoiadores presentes no local começaram a cantar "Lula, cadê você? Eu vim aqui só para te ver."
<b>Lula reafirma restrição na venda de armas</b>
Durante seu discurso, Lula reafirmou que proibiu a venda de pistolas 9mm, em uma referência ao decreto de armas assinado na sexta-feira, 21, opondo-se à flexibilização da venda de armas de fogo, que foi um das bandeiras do governo de Jair Bolsonaro. O decreto altera uma série de quesitos envolvendo a aquisição, registro, porte e uso de armas. Entre as mudanças estão a retomada da restrição para alguns tipos de calibre, um maior limite na aquisição de armas e munições, a criação de regras para instalação e funcionamento de clubes de tiro.
"Esse negócio de liberar armas é para favorecer o crime organizado", afirmou o presidente. "O que nós precisamos é baratear o preço do livro, é abrir bilbioteca em conjunto habitacional. Fomentar as crianças a terem acesso à cultura, não ter acesso a arma e a violência", acrescentou.
Como mostrou o <b>Estadão</b>, deputados de oposição apresentaram projeto para suspender o decreto de armas de Lula.
<b>Críticas ao Banco Central</b>
Ao abrir o encontro com sua fala, a presidente do PT Gleisi Hoffmann usou o espaço para agradecer as conquistas do sindicato e para criticar os juros elevados do Banco Central. "Esse sindicato que esta com a gente contra o juros altos, contra esse presidente que foi indicado por Jair Bolsonaro e quer quer sabotar o Brasil com esses juros que não se pode mais aguentar", disse.
Gleisi ainda defendeu a narrativa de perseguição que Lula durante as eleições de 2022 e na campanha eleitoral, conversando diretamente com a base fiel do partido. "Foi a luta do povo metalúrgico que deu ao Brasil o melhor presidente do Brasil que tivemos", disse. "Obrigada pela força e pela resistência do que vocês representaram para nós. Nós vencemos!"
A presidente do PT citou também a possibilidade de revisar a função do sindicato na reforma trabalhista, mas não deu detalhes.
<b>Lula realiza procedimento para reduzir dores no quadril</b>
Antes do evento deste domingo, o presidente Lula passou por uma infiltração para reduzir as dores no quadril. Segundo confirmação da assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, o procedimento foi realizado pela manhã no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com expectativa de não atrapalhar a agenda que teve à tarde no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Durante o ato, Lula apareceu mancando, demonstrando dor na perna. Mas, ainda assim, fez um discurso de cerca de 20 minutos.
Lula relatou, ainda em maio deste ano, que sente dores na parte superior do fêmur. O problema, já diagnosticado, é um desgaste na articulação coxofemoral, onde o fêmur se conecta com o quadril.
O problema chegou a prejudicar agendas do presidente, como a participação na tradicional festa junina do PT. O presidente era esperado como presença VIP no evento, mas faltou, alegando desconforto na perna.
A assessoria da presidência afirmou, neste domingo, que Lula precisará passar por uma cirurgia até dezembro deste ano.