Refletindo os impactos das medidas de isolamento social para conter o número de casos da pandemia do novo coronavírus, o consumo de energia elétrica recuou 12,7% na primeira quinzena de maio de 2020 frente a igual período de 2019, passando de 62,934 mil MW médios para 54,918 mil MW médios, de acordo com informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
"O consumo deste mês foi impactado pelas medidas governamentais de contenção do covid-19, intensificadas a partir do dia 21 de março", afirmou a CCEE, ao analisar o comportamento do consumo de energia no período.
Segundo a CCEE, o consumo de energia no mercado cativo (distribuidoras) recuou 13,1% no mesmo período de comparação, passando de 44,048 mil MW médios para 38,277 mil MW médios. Excluindo o efeito das migrações de consumidores para o mercado livre, a queda seria de 11,9%. Entre as regiões do País, houve retração de 14,4% na demanda do Sudeste/Centro-Oeste, de 10,9% no Nordeste, de 15,1% no Sul, e de 4,2% no Norte.
O mercado livre apresentou retração de 11,9% no período, passando de 18,886 mil MW médios para 16,641 mil MW médios. Ao expurgar o efeito da migração de novos clientes do mercado cativo, a demanda no ambiente de livre contratação recuou 15,6%. Entre as regiões, houve queda de 11,6% no consumo no Sudeste/Centro-Oeste, de 17,9% no Nordeste e de 15,3% no Sul. No Norte, a demanda cresceu 2,7%.
Ainda sobre o mercado livre, a CCEE registrou redução de 9,39% na demanda dos clientes especiais (que só compram a oferta de fontes renováveis, como eólica e solar), de 3,198 mil MW médios para 2,897 mil MW médios entre abril de 2020 e igual período de 2019. Excluídas as novas migrações, a queda seria de 23,9%.
Já o consumo dos clientes convencionais também teve forte redução de 13,2%, de 13,562 mil MW médios para 11,872 mil MW médios. Sem as novas migrações, a retração teria sido de 14,5%. Os autoprodutores, normalmente grandes indústrias eletrointensivas, tiveram recuo de 8,93% no consumo de energia, para 1,908 mil MW médios.
De acordo com a CCEE, os segmentos que registraram as maiores quedas do consumo de energia no mercado livre foram: veículos (47,8%), têxteis (45,4%), serviços (32,7%), transporte (27%) e manufaturados diversos (18,3%). Por outro lado, apenas dois setores tiveram aumento de demanda: saneamento (18,8%) e alimentícios (1,8%), movimento este influenciado pelas migrações de novos clientes.
Excluindo as novas cargas que migraram para o mercado livre ao longo dos últimos meses e comparando com o consumo de energia dos clientes existentes na primeira quinzena de maio de 2019, os dados da CCEE reforçam os impactos do coronavírus na economia brasileira. O segmento automotivo lidera o ranking da queda do consumo, da ordem de 49,3%, seguido por têxteis (47,6%), serviços (40,6%), transporte (28,6%) e manufaturados diversos (24,2%). O único segmento que apresentou crescimento, marginal, foi o de saneamento, de 0,7%.
<b>Produção de energia</b>
Os dados da CCEE também mostram que a produção de energia na primeira quinzena de maio de 2020 recuou 11,6% em relação mesmo período de 2019, de 66,276 mil MW médios para 58,599 mil MW médios. Com a queda do consumo, a produção de energia das hidrelétricas recuou 15,7%, passando de 51,266 mil MW médios para 43,194 mil MW médios, o que deve contribuir para a recuperação do nível dos principais reservatórios do País.
A geração térmica teve ligeiro aumento de 1,4% no período, passando de 9,117 mil MW médios para 9,243 mil MW médios. Isso se deve ao maior despacho das usinas nucleares, de 211,5%, passando de 608 MW médios para 1,895 mil MW médios. A geração a biomassa, com a safra da cana-de-açúcar, subiu 3%, para 4,120 mil MW médios. Por sua vez, a produção de energia das usinas a carvão caiu 57,8%, de 989 MW médios para 417 MW médios. A geração térmica a gás natural recuou 3,5%, somando 2,415 mil MW médios.
A geração eólica registrou ligeiro crescimento de 1,8% no mesmo período de comparação, de 5,394 mil MW médios para 5,491 mil MW médios. A produção de energia solar teve aumento de 34,4%, para 671 MW médios. Com esse resultado na geração de energia, o risco hidrológico (GSF) foi de 94,04% na primeira quinzena de maio de 2020.