Estadão

Juros: IPCA-15 estimula apostas de corte de 0,5 pp da Selic e taxas recuam

Os juros futuros fecharam a sessão em baixa até os vértices intermediários, refletindo o IPCA-15 de julho melhor do que o consenso e com leitura benigna dos preços de abertura. AS taxas longas ficaram estáveis. Dada ainda a queda nas medianas de IPCA no Boletim Focus, o mercado ampliou as fichas na aposta de que o Copom vai iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma dose de 0,5 ponto porcentual, que já vinha ganhando terreno nos últimos dias. Num ambiente de disposição à tomada de risco, o Tesouro conseguiu bons resultados no leilão de NTN-B, mesmo com lotes e risco maiores para o mercado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,635%, de 12,697% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu a 10,63%, de 10,72%. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 10,15%, de 10,14 no ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2029 recuou a 10,53%, de 10,54%.

A queda de 0,07% do IPCA-15 de julho foi maior do que apontava a mediana das estimativas (-0,03%), alimentando a ideia de que há espaço para o Copom abrir o ciclo de maneira mais incisiva, até porque os preços de serviços, uma das grandes preocupações do Banco Central com relação à inflação, desaceleraram mais do que o esperado. O índice de difusão caiu abaixo de 50%, para 47,96%.

Nos DIs, a chance de uma queda de 0,5 ponto da Selic na próxima semana vai se consolidando, passando de 60% para 70% entre ontem e hoje. No fim de 2023, a curva projeta taxa básica de 11,50% e para o fim de 2024, de 9%. A Selic hoje está em 13,75%.

"A pergunta de algumas dezenas de bilhões de reais é até que ponto essa baixa do IPCA-15 vai prosseguir ao longo do ano, e qual sua capacidade de influenciar as decisões futuras do Copom", aponta a equipe da Levante Investimentos, destacando que será preciso observar o comportamento do índice nos próximos meses para saber se essa baixa é pontual ou se está em uma tendência mais consistente.

O estrategista de renda fixa e sócio gestor da Garin Investimentos, Felipe Beckel, vê a curva com prêmios perigosamente baixos para novas posições doadas, lembrando ainda do risco da Petrobras elevar os preços de combustíveis no curtíssimo prazo, dada a defasagem ante as cotações internacionais, que no caso da gasolina já estaria em 20%. "Além disso, tem risco vindo da energia elétrica. Ou seja, os administrados podem começar a pesar. Nesse momento, é preferível o BC errar para cima do que perder tudo o que a política monetária conquistou", disse.

O leilão de NTN-B do Tesouro hoje teve boa demanda, com 1,421 milhão da oferta de 1,450 milhão de papéis vendidos. O especialista em renda fixa Alexandre Cabral afirma que nos três vencimentos – 15/8/2026, 15/5/2033 e 15/8/2050 – os títulos saíram com a menor taxa do ano. "Muito bom leilão, não duvido em algumas semanas termos o cupom menor do que 5,00% ao ano", comentou.

Na pesquisa Focus, as medianas de IPCA para 2023 (4,95% para 4,90%), 2024 (3,92% para 3,90%) e 2025 (3,55% para 3,50%) caíram, mas seguem desancoradas ante as metas centrais de inflação, de 3,0% para 2024 e 2025, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. Para 2023, o alvo central é de 3,25%, com piso de 1,75% e teto de 4,75%.

Posso ajudar?